Episódio I – Contradicciones de una telenovela brasileña que habla de la corrupción. Lo corrompe en silencio
10/02/2009
Voltar de Cuba não é nada fácil e, depois quase um mês, sinto-me verdadeiramente cubana. De corpo e alma. Os próprios cubanos costumam dizer: “Su patria es mi patria y, por tanto, somos hermanos”. Agora que estou em casa, no Brasil, sinto-me deprimida, triste e vazia, porque meu desejo é morar na Ilha. Não apenas com aquele sentimento romântico, mas também com críticas prontas para contribuir para a construção e consolidação do socialismo. Bem, deixemos de lamentações e iniciemos os relatos. Hoje, começo a escrever sobre as experiências vivenciadas, reflexões, depoimentos de um país extremamente solidário, amável e demasiadamente parecido com o nosso Brasil. Serão muitos textos distribuídos ao longo do tempo sobre: bloqueio, política, curiosidades, mulheres, homens, crianças, sexo, alimentação, direitos, saúde, comunicação e muito mais. Foram duas semanas iniciais de convivência direta com cubanos e estudantes e mais duas semanas na Brigada Suramericana.
Cheguei no dia 14 de janeiro. Viajei só. Solamente yo y nada más. Pisei em solo cubano por volta da uma da manhã. Sobrevoei a Ilha noturna. Escura e silenciosa. Apenas alguns pontos e focos de iluminação que, mais tarde, eu viria a entender o porquê. Quando desembarquei no aeroporto tive a certeza de estar em Cuba: tudo vermelho, muito vermelho e bandeiras de países penduradas no teto. Já no raio-X um cubano me pergunta: “É brasileira?”. E eu respondo que sim e novamente ele: “Me encanta la novela brasileña”. Pelo jeito, ser brasileira estava estampado em minha face. Portanto, falemos desta primeira impressão, quiçá a mais óbvia: as novelas brasileiras em Cuba.
“Mulheres Apaixonadas”, novela brasileira transmitida três vezes por semana e já estava em seus últimos capítulos. Um amigo, estudante brasileiro da Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), liga a TV para assistirmos o discurso de posse de Barack Obama e, até então, nenhuma palavra sobre Cuba. Sobre o bloqueio escreverei depois em um outro texto. Após o discurso de Obama, alguns comerciais educativos como se fossem o “Telecurso 2000” daqui do Brasil, não existe propaganda de produtos ou de consumo e sim campanhas de cidadania, educação, segurança, entre outros assuntos de real interesse público. Agora sim, abertura da novela em espanhol com outra música, alguns nomes de personagens substituídos, mas a história a mesma. Quando a trilha da novela começa, a cubana Yaile desce correndo as escadas. Ansiosa, senta-se ao meu lado e pergunta-me sobre a novela. Eu já havia assistido e era o episódio do enterro de Fred. Yaile contou-me que o queridinho da novela era Marcelo Antony e podem acreditar, as cubanas andam com camisetas estampadas com seu rosto pelas ruas. Contou-me também que outro galã que ganhou o coração das cubanas foi Fábio Assunção. Mais e mais camisetas. Yaile perguntou sobre a vida deles e contei-lhe sobre os últimos escândalos dos atores que estiveram envolvidos com drogas. Ela resistiu a acreditar. A novela continuava.
Depois da novela, eu, Yaile (Cuba), Victor (Brasil) e Carlos (México) saímos para tomar umas cervejas e jogar bilhar. Voltamos para casa e começamos a debater sobre o sistema. Yaile, namorada de Carlos, mexicano estudante de Medicina, sentou-se ao meu lado e eu lhe contava como era o capitalismo. Fome, crianças nas ruas, violência, drogas e nada disso existia em Cuba.
- “Yaile, vocês têm dignidade e direitos garantidos. Eu e meus irmãos brasileiros não temos isso. Eu troco as festas, as cervejas por dignidade. É só isso que eu peço” – lhe disse.
- “Camila, você sabe o que é viver com vinte dólares por mês?”, perguntou-me Yaile que trabalha em um laboratório de um hospital.
E então nos perguntamos:
“O que é liberdade?”
A novela se acabou.
10/02/2009
Voltar de Cuba não é nada fácil e, depois quase um mês, sinto-me verdadeiramente cubana. De corpo e alma. Os próprios cubanos costumam dizer: “Su patria es mi patria y, por tanto, somos hermanos”. Agora que estou em casa, no Brasil, sinto-me deprimida, triste e vazia, porque meu desejo é morar na Ilha. Não apenas com aquele sentimento romântico, mas também com críticas prontas para contribuir para a construção e consolidação do socialismo. Bem, deixemos de lamentações e iniciemos os relatos. Hoje, começo a escrever sobre as experiências vivenciadas, reflexões, depoimentos de um país extremamente solidário, amável e demasiadamente parecido com o nosso Brasil. Serão muitos textos distribuídos ao longo do tempo sobre: bloqueio, política, curiosidades, mulheres, homens, crianças, sexo, alimentação, direitos, saúde, comunicação e muito mais. Foram duas semanas iniciais de convivência direta com cubanos e estudantes e mais duas semanas na Brigada Suramericana.
Cheguei no dia 14 de janeiro. Viajei só. Solamente yo y nada más. Pisei em solo cubano por volta da uma da manhã. Sobrevoei a Ilha noturna. Escura e silenciosa. Apenas alguns pontos e focos de iluminação que, mais tarde, eu viria a entender o porquê. Quando desembarquei no aeroporto tive a certeza de estar em Cuba: tudo vermelho, muito vermelho e bandeiras de países penduradas no teto. Já no raio-X um cubano me pergunta: “É brasileira?”. E eu respondo que sim e novamente ele: “Me encanta la novela brasileña”. Pelo jeito, ser brasileira estava estampado em minha face. Portanto, falemos desta primeira impressão, quiçá a mais óbvia: as novelas brasileiras em Cuba.
“Mulheres Apaixonadas”, novela brasileira transmitida três vezes por semana e já estava em seus últimos capítulos. Um amigo, estudante brasileiro da Escola Latino-americana de Medicina (ELAM), liga a TV para assistirmos o discurso de posse de Barack Obama e, até então, nenhuma palavra sobre Cuba. Sobre o bloqueio escreverei depois em um outro texto. Após o discurso de Obama, alguns comerciais educativos como se fossem o “Telecurso 2000” daqui do Brasil, não existe propaganda de produtos ou de consumo e sim campanhas de cidadania, educação, segurança, entre outros assuntos de real interesse público. Agora sim, abertura da novela em espanhol com outra música, alguns nomes de personagens substituídos, mas a história a mesma. Quando a trilha da novela começa, a cubana Yaile desce correndo as escadas. Ansiosa, senta-se ao meu lado e pergunta-me sobre a novela. Eu já havia assistido e era o episódio do enterro de Fred. Yaile contou-me que o queridinho da novela era Marcelo Antony e podem acreditar, as cubanas andam com camisetas estampadas com seu rosto pelas ruas. Contou-me também que outro galã que ganhou o coração das cubanas foi Fábio Assunção. Mais e mais camisetas. Yaile perguntou sobre a vida deles e contei-lhe sobre os últimos escândalos dos atores que estiveram envolvidos com drogas. Ela resistiu a acreditar. A novela continuava.
Depois da novela, eu, Yaile (Cuba), Victor (Brasil) e Carlos (México) saímos para tomar umas cervejas e jogar bilhar. Voltamos para casa e começamos a debater sobre o sistema. Yaile, namorada de Carlos, mexicano estudante de Medicina, sentou-se ao meu lado e eu lhe contava como era o capitalismo. Fome, crianças nas ruas, violência, drogas e nada disso existia em Cuba.
- “Yaile, vocês têm dignidade e direitos garantidos. Eu e meus irmãos brasileiros não temos isso. Eu troco as festas, as cervejas por dignidade. É só isso que eu peço” – lhe disse.
- “Camila, você sabe o que é viver com vinte dólares por mês?”, perguntou-me Yaile que trabalha em um laboratório de um hospital.
E então nos perguntamos:
“O que é liberdade?”
A novela se acabou.
3 comentários:
Com certeza, é muito mais dificil pras novas geracoes que nascem e crescem jah dentro da cuba socialista com todas as barreiras economicas... socialismo em um pais soh nao da... cuba fez seu papel e mantem a chama acesa (mesmo com varios problemas que questiono)... precisamos fazer a nossa parte aqui. (Gostei do texto! Espero os outros! :)
Jeff pode esperar sim por mais!!! Tenho tanto dentro de mim!!!! Sobre as contradições das gerações escreverei em um texto especial... Tenho um personagem fantástico!!!!! Este, inclusive, é um dos maiores problemas de Cuba, a contradição de gerações e nós, turistas e estudantes que corrompemos a sociedade....
to acompanhando querida.
belo primeiro relato....
saudades
ps - criei coragem e montei um também, dá uma olhada.
bjos
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