segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Nu, Natal

No natal
Poema nu
Concreto
Nu, natal,
Muito prazer
Sinos onomatopeias
Tudo sempre igual
Nu, pernil, ossos e fígado
Quem me dera uma história assim:
Nua e crua!
Sem Rivo, sem marcas, sem tarjas
Apenas, nu
25/12/2014

A volta

A volta
Faz um S, hashtag
Circula a cintura
Volta o bambolê
Vou até o final e desisto 
De você!
Afinal, a vida é pura ficção!
Nenhuma verossimilhança
Restos de uma ceia
Poema 25/12

domingo, 23 de março de 2014

sussurro para Leminski

- 23/03/2014
sacia minha fome
sou entranha, nada sua
preta pele famélica
vem e sussurra em dó
poesias de Leminski
sou entranha, quase sua
estranha

quinta-feira, 20 de março de 2014

autonomia

Autonomia é princípio para libertação, que exige, em dado momento, choque! Espelho em cacos, entre rupturas e escândalos de si!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

sobre afeto - 17/2/2014



para caminhar, me basta afeto!
arranca sua marra
e vem pra minha farra.
Sou Baco, sou vinho
queima roupa
mostra peito
Sou livre, sou amor
para você, tenho braços e abraços
Sou Medusa, sou polvo
me basta afeto!
sinto o gosto de corpos
seu, meu, nosso
lambe a porra da posse
e se lambuza com hipocrisia
Vem, vem! Sou Baco
Arranca a roupa e seu gênero

domingo, 9 de fevereiro de 2014

A rapidinha da Lapa em histeria coletiva

- 9/2/2014

O apartamento fervia entre quatro espremidas paredes. Andava de um lado para o outro lutando contra sua teimosa ebriedade. Era uma quarta-feira e tinha uma agenda cheia pela frente: reunião antes do trabalho; trabalho; 11 textos pela frente; metade de um livro para terminar; pilates, duas reuniões mais e dezenas de diálogos pobres para enfrentar. Em mente: férias em algumas semanas. Enquanto isso, o apartamento a estrangulava; apertava tanto sua jugular que mal respirava. Principiava exercícios de meditação, embora sua concentração tenha se tornado mero exercício paradoxal. Contava os quadrados de seu piso, enquanto cores transversais pintavam suas paredes. O gato balançava o rabo e comia com garfo e faca um aipo com mostarda preta. Pensava na quantidade de porra de seu namorado e em quantas mulheres mais ele andava comendo. Não. Praticava orgias em propagandas de ônibus. Queria ser motorista. Tomou coragem e desceu para a rua em tentativas de respiração. Apenas cu. Inspirava e expirava. Procurava Fridas nas esquinas, e nem sinal de Rivera. Galeto no boteco da esquina e papeação com vizinho. Cerveja vai, coxinha desce. Asas de frango voam?

- Tudo na vida é obscenidade.
- Não. A família é o berço da perversidade.
- Ei, vocês dois ai, acreditam no toplessaço?

Desce a mulher que senta e entorna o copo. Pergunta para o companheiro:
- Por que eu não posso?

Não só pode, como deve. Em seus deveres de gênero, arrancou a blusa e ficou ali bebendo cerveja, falando sobre política e surrealismos baratos. Ainda incitaram a outra mulher a tirar.

- Tirar a blusa é ato político, e não para o seu pau ficar duro, punheteiro de merda.

O bar nega cerveja a essa mesa obscena, lasciva e perversa. Tão adjetivada como seu Verbo. Caminham pelas ruas da Lapa, entre Ubaldino e Mem de Sá. Sentam em outro boteco. Homens caralho arrancam gargalhadas e celulares para fotografar. Em cada uma das mesas, a pergunta traça a língua:

- Peito tem graça?

Senhoras de meia idade chegam perto da mesa e em toda a solidariedade arrancam a blusa em menos de três segundos.

- Rapidinho, minha filha.

Sorriem diante da rapidinha da Lapa.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

dó em tempos de bemol

Há tempos penso num poema
Há tempos flerto com um poema
Há tempos, há ânus
que inspiro esses versos
para você, não
para nós
o nó do
verde abacate
nódoa
amarelo manga, porra
dó e toca para você
para nós
o bemol rebaixado

4/2/2014

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

insônia

a insônia é a companheira mais solidária! silêncio que conforta, silêncio, silencio. Do Verbo ao Cio.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Origem

- 13/1/2014 - para Erica Leonardo

Qual a sua antropologia?
me conta seu fado
canta seu folk com sotaque alemão
mais fácil comer a avó
a origem dos males
sua bruxa, Anthropos!
arranca logos
e cheira seus primitivos inventados
pensa, fétido
a imaginação construída do ser
qual orifício te apetece?
vai e enfia dedo no cu
de repente, o advérbio grita
ou quem sabe o Verbo de seu caralho:
essa sim, pura identidade: sua puta!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

existem tempos. tempos. exagerado silêncio de um descanso: equilíbrio!