terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Tapem os narizes!
Merda jogada no ar-condicionado da modernidade
Comunguemos o caju do pecado
Paraísos não existem
Lambuzem-se!
Ho ho ho
Apertem o saco do papai noel
e vomitem sacralidades de sua porra
2014: abram as pernas
para o cotidiano exercício da liberdade
Sejamos livres de nós!
Sejamos o nada salvador!
Se bocetas são pecadoras,
arranquemos os meninos do presépio!
Aquém!
Aquém de suas limitações!
 
24/12/2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

liberdade real?

A verdadeira liberdade revolucionária está condicionada à sensibilidade. Ao sentir o outro. Aquilo que lhe toca, ou não. Aquilo que lhe move, ou não. Aquilo que lhe liberta, ou não. Esse, o verdadeiro sentido. O outro.

corpos abjetos - abjeção número 1.666

corpos abjetos - abjeção número 1.666

porque o meu corpo rasga em amor 
páginas em orelhas descompassadas
sustentam o sustenido sibilante de sua sílaba
minha liberdade não soma à sua insensibilidade
olhe para o retrovisor
e reconheça o outro
ABJETO

terça-feira, 5 de novembro de 2013

melancolia: o vazio do amanhã

domingo, 3 de novembro de 2013

doação barata

procure o vazio
PROCURA-SE!
escorrego em um tango barato
danço entre fantasmas e sonhos
e tudo silencia
busco o cio da sua alma
Ainda dói
o amor doado.
Doa a quem doer.

sábado, 19 de outubro de 2013

CENA 3 - Conto da madrugada vadia


ELA: Volta para mim, volta?
ELA: Não, não adianta. Não volto. Não volto e não volto.
ELA: Eu te amo. Volta para mim.
ELA: Não. Não posso e nem trouxe guarda-chuva.
ELA: Volta para mim, volta?
ELA: Não. Também esqueci a chave. Sai desse celular, porra.
ELA: Volta para mim, volta.
ELA: Não. Acabou e ponto.
ELA: Volta, que eu te coloco no plano de saúde.

Saem caminhando, batendo saltos e mãos.

domingo, 13 de outubro de 2013

corações mofados

avesso no travesseiro
nada solitário
vira e revira
sou avessa, prefiro morangos
apenas mofo arrancado do coração
vem e arrepia em lábios
13/10/2013

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Que a subversão seja a ruptura das rédeas do dia a dia. Que o levantar seja doce diante da angústia. Que as escolhas não oprimam as responsabilidades. Que sejamos serenos. Que tenhamos cuidado. O outro para além de princípios individuais. Sempre. Amém, e não aquém.

domingo, 29 de setembro de 2013

Censura



Ponho a mesa. Ninguém à frente. Apenas uma melancolia visível. Acerto passos, erro caminhos e o norte se confunde com o sul. Nada mais como o noroeste. Impedem o corpo aberto. Insistem no zíper das corcundas. A espinha arde, a rosa murcha e a tarja invade. Censura. Estou na tempestade, sou a tempestade das margaridas. Troco o cotidiano pela liberdade. Existencial? Nego. Insisto que este é o fim, my dear. Apenas e tão somente, o fim!

 - 29/9/2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

porcentagem anUal

- 23/9/2013

99% da população cai na limitação do moralismo cristão
eu caio nos braços de Morpheu
Evoé, Baco!

Nostalgia barata

(23/9/2013)

nostalgia da fé não comprada
apenas consumo barato
o cigarro apagou.
o copo transbordou
minha alma em impura liquidação!
vendo hélices

depois de Hanna Arendt

22/9/2013
qual o rosto do totalitarismo?
rasgue suas teorias
seus ditados
arrasta para a prática
uma coerência nada banal

quanto vale a liberdade?

21/9/2013
Quanto vale a liberdade?
em cacos, quebro
e reinvento o novo
em instantes, velho
quanto vale a liberdade?

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Moska

Tudo ao normal? ANORMAL!
Arranca a sopa da mosca
entre o muito e o pouco,
fique com o louco!

17/9/2013

domingo, 15 de setembro de 2013

coração alheio

15/9/2013

Como fugir de um coração alheio?
Fúria entre a perplexidade do viver
tempo é o fim?
na interrogação bandida argumento
fantasmas em estado rarefeito
provocam armadilhas de ombros
entre ficção e realidade,
sobra coração alheio
sobra uivo
sobra dor
sobra tempo.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

abjeto

abjeto abjeção etc e tal
na curva do pensamento
na parábola da cintura
bamboleia ali no meio fio
que te pego com a Cuca
hiperbólica

13/9/2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

CENA IV - o convite


ELA: Falando em suruba, jazz?

ELE: To mais bossa que ré.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Kill your idols

13/8/2013

Kill your idols!

Ecce Homo
quebra aqui
manda vadiar
Ecce Homo
quebra lá
cai moedinha
Ecce Homo
ajoelha e paga os pecados
Ecce Homo
nada disso importa

Amazona

13/8/2013
vem e não conta asneiras
explodo
em raios de Iansã.
fecundo a terra
arranco seios
e assassino não pródigos.
nada guerreira sou.
Caim uivou
e caio em alucinações
lunática no cio
e onde foi parar sua marca?

sábado, 10 de agosto de 2013

caganeira poética

 - 10/8/2013

quebra ossos
morde carne
e não esquece
de cagar cérebro
macaquinho vai
bananinha foi
cadela rosna
sua covardia poética
em pura e deliciosa
merda

bacante

- 10/8/2013

vem Baco!
tomo de seu cálice
a mais pura danação
cuspo em fúria moralismos não orgânicos
e arrebento em condenação:
de quatro
em quatro
nada de tríplice

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

abjeções

sou corpo abjeto
e exclamo sua moral
ajoelho em confissão
mordendo a língua
do cotidiano lascivo
vem com sua saliva
que derramo meu ópio
9/9/2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

imoralidade

porque metade de mim é imoral;
e a outra também.
Cabides sobram para seus pecadinhos,
enquanto vivo no aumentativo

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Missa de 7º dia

Não existe ruptura sem escândalo!

Eu sou o bendito fruto entre as travestis.
Eu sou aquela que usa camisinha.
Eu sou aquela que beija mulheres.
Eu sou aquela que goza.
Eu sou aquela que faz sexo por dinheiro.
Eu sou aquela que é estuprada nas ruas.
Eu sou aquela que apanha.
Eu sou a revolução do seu cu.
E a contradição da sua boceta.
Eu sou o gozo do seu pau
E seu terceiro mamilo.
Eu sou objeto.
E abjeto.
Eu sou Boceta de Pandora.

Porque pudor é coisa do passado. A onda é romper com a tradição!

Porque pudor é coisa do passado. A onda é romper com a tradição!

Poema sobre vanguarda - 6/8/2013


Você me oferece vanguarda
enquanto beijo os lábios da ruptura
seu senso nada comum
compreende a chibata
não me calo
rasgo seus lençóis
e esfrego meu rosto no asfalto
lambe meu sangue
vira-latas social

terça-feira, 23 de julho de 2013

Ativista que abriu bandeira gay durante final da Copa diz que coragem veio das ruas

Ativista que abriu bandeira gay durante final da Copa diz que coragem veio das ruas


Alex Tietre diz ter se espelhado na "mesma coragem que todos os trabalhadores têm quando saem para trabalhar para ganhar um salário ridículo, com um transporte precário"
1/07/2013

Camila Marins
do Rio de Janeiro (RJ)

“Figurantes exibem faixa de protesto durante cerimônia de encerramento” foi a manchete de diferentes veículos de comunicação na noite deste domingo, dia 30 de junho, após homens e mulheres que participavam da final da Copa das Confederações terem conseguido burlar a censura da organização. Uma delas dizia: “Pela imediata anulação da privatização do Maracanã”. A outra: “Ser gay é... Mara... Aberração é o preconceito”.

Alex Tietre, 35 anos, ator, diretor e autor de peças teatrais foi o responsável por essa última.
Ele trabalhou por quase 18 anos na Cia de Tatro Arte & Manha de Guarapuava, uma das mais reconhecidas do Paraná, e, hoje, trabalha há dois anos em uma agência de atores em Niterói.
Confira a entrevista
Você participou de outras manifestações artísticas para a Copa das Confederações? Como foi sua seleção?
Participei com meu nariz de palhaço em manifestações no Rio e em Niterói, não necessariamente para a Copa, meus protestos eram como os da maioria. A seleção para a Copa das Confederações foi na Escola Naval. Me inscrevi, porque minha companhia de teatro sempre trabalhou com grandes eventos e seria uma boa experiência, mas não foi como esperava. Comecei a questionar o porquê de ser voluntário num evento que rolam milhões em dinheiro, enquanto eu estava ali ganhando um lanchinho e um cartão de transporte, que não pagava nem metade do que eu gastava.
De onde veio a coragem para fazer essa manifestação?
A coragem para me manifestar é a mesma dos brasileiros, que saem às ruas para se manifestar. É a mesma coragem que todos os trabalhadores têm quando saem para trabalhar, para ganhar um salário ridículo, com um transporte precário e ainda para correr riscos nas ruas.
O que aconteceu com você depois de abrir a bandeira? Foi expulso do campo?Eu tive mais sorte, abri a bandeira no palco principal, no meio de cinco cantores famosos. Não poderiam me agredir. Depois, deixei a bandeira no palco e entrei no meio dos outros participantes sem que conseguissem me identificar. Então, não fui retirado. 
Tem recebido mensagens de apoio ou ameaças?Felizmente, estou tendo mais apoio, mas tem muita gente contra, e tive ameaças, sim. Lá mesmo, já discutiram comigo, disseram que eu estraguei tudo e que, se pelo menos, eu tivesse feito um protesto pela fome eu seria apoiado...  Entendo isso, mas se eu tivesse que protestar sobre tudo que o Brasil precisa, a bandeira teria que ser do tamanho do Maracanã.
Como você vê as manifestações homofóbicas de setores fundamentalistas da sociedade?
Fico indignado com qualquer manifestação homofóbica. Precisamos viver de forma que os valores sejam revistos. Ser gay não prejudica ninguém. Ninguém tem o direito de querer "mudar ou curar" alguém. Devemos começar a avaliar o que realmente precisa ser mudado. Precisamos fazer essa mudança agora, mudar o Brasil, os políticos e também mudarmos pra melhor, cuidar do nosso planeta e cuidar do próximo com todo respeito, sem ver cor, credo ou sexualidade.

Minha Nossa Senhora da Pandora

23/7/2013
De seus imperativos, restou origem
Dos males, a caixa
Arranco cadeado de seu canal
E ainda proponho um bacanal.
Qual o seu princípio?
Sujeito, jamais objeto
esqueça o Verbo.
Venho para a primeira,
a primeira pessoa e corro
corro, corro e pulo
entre peregrinos
sou Lapa, sou rua.
Vem e me contamina.
Sou!

sábado, 13 de julho de 2013

Crítica da autocrítica

- 12/07

não entendo sua zorra
verborragia da porra
engole o moralismo
e enche o dicionário
preconceito da minha, da tua, da nossa
língua
lambe a merda
que te sobra no asfalto
e não conjuga mais sua prática

quinta-feira, 11 de julho de 2013

cacofonia

cacofonia - 11/7/2013

do seu fato, faço caco
tenho fonia, e não foco
vem e fica
ou quica fora

sábado, 6 de julho de 2013

A conta dos pronomes

A conta dos pronomes - 6/7/2013

conta conta
no final, sobra o garçom.
que o quê?
flana meu corpo
seu copo
conta conta
debito sua angústia
e credito meu amor
risca a conta
rasga meu coração
no final
sobram pronomes
nada possessivos
(não) sou sua
muito prazer, qual a sua graça?
desgraça!

A conta dos pronomes

A conta dos pronomes - 6/7/2013

conta conta
no final, sobra o garçom.
que o quê?
flana meu corpo
seu copo
conta conta
debito sua angústia
e credito meu amor
risca a conta
rasga meu coração
no final
sobram pronomes
nada possessivos
(não) sou sua
muito prazer, qual a sua graça?
desgraça!

domingo, 30 de junho de 2013

poema para vândalos


vandalizar

Sou factual, sou atual
Vândalo, muito prazer!
te vi na TV
e seu nome, Vândalo, não estava lá
apenas seu sobrenome:
Estado, muito prazer!

arranca os pontos
os ais
as dores
e vandaliza as ruas

somos o povo!
somos a voz!

e não a grife estremecida de suas manchetes.
somos o povo!
somos a voz!

e não escravos de sua palmatória.

domingo, 9 de junho de 2013

Poema para Paulinho, o da Viola



Ê Ê - preto velho chegou
corre corre corre
os dedos na viola
porque amor arde
sem ver, sem poetar

corre corre corre
viola minha alma
viola meu corpo
nada de novo, meu bem

Ê Ê preto velho chegou
arranca sua roupa velha.
Danço nua em palco
e tábuas maculam o errôneo
quem é você, vendaval?

corre corre corre
viola meu corpo
voltei! dinheiro na mão é perigo
Danger! Contemporaneidade de encruzilhada
traz a cachaça e explode o smartphone

Ê Ê preto velho chegou
braços garotis para cima
clica, curte, compartilha e não fode
Ah! Celulares levianos.

corre corre corre
viola minha arte
viola minha inspiração
viva a contemplação!
silenciem os celulares e ouçam:
Venham comigo nessa dança da solidão!

poema Bar da Cachaça



o poeta bêbado cai
a mesa de plástico engordura
a batata paquera a calabresa
a loira ajeita o decote
a preta senta perto do balcão
o óculos embaça
o garçom dá um cheiro no pescoço
a morena arrepia
a cachaça fervilha
o salto quebra
o muro vira xixi
a monogamia se vai
o flanar é na encruzilhada

o a os as - fez-se o plural na esquina
a girar.

sábado, 8 de junho de 2013

Qual a sua marra?

Qual a sua marra?
arranco seu útero
em orgasmos múltiplos.
E sua tríplice aliança?
assassino pombos da paz

Qual a sua marra?
estou cansada do táxi da esquina
vem e te amarro na cama
com o couro da sua hipocrisia

Qual a sua marra?
Entrelaça suas pernas, bailarina patética
e arranca suas sapatilhas
baila comigo?

sábado, 1 de junho de 2013

CENA 666 - O INFERNO DE 4



ELA: Você vem sempre aqui?
ELA: Ai, apareceu uma celulite aqui ó. Bem aqui no bumbum. Olha.
ELA: Adoro essa música. "Como nossos pais"
ELA: Quer uma dose de tequila? Trouxe escondida aqui no meio dos peitos.
ELA: Hummm, forte isso, né?
ELA: Tequila ouro. Tequila ouro. Ouro.
ELA: E, mesmo assim, ainda somos os mesmos
ELA: Ei, aonde você vai? Ta indo embora? Por quê?
ELA: Tequila Ouro. Tequila ouro, baby.
Venha, por favor!
Eu te amo!
Pow – o barulho faz-se. A arma atirou no meio da sua cabeça.
Passa o tempo. Passo o tempo, em pretéritos nada perfeitos.
Eu te amo!
Mentira!
Você está morto.
Você está enganada. Eu sou morta. Vem?
Vou! Me arrebata?
Não. Abra suas pernas?
Para quê?
Abra suas pernas e fim? Entende?
Abra suas pernas e fim.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

abjeto - objeto -
abstém de sua cruz
e chicoteia sua culpa
nada cristã
ainda existe esperança
no hotel para solteiras

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O inquieto

O inquieto - 30/05/2013 - eu

Ando inquieta
com ou sem gênero
sou abjeto
meio fio de calçada
lambe botas de cadelas
ando inquieta
não silencio
problematizo
problematizo
e forço o seu pé
para a pedra na ponta do sapato!
ando inquieta
ando inquieta
para o caminho do novo!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

40 páginas depois e a noite só começa.

40 páginas depois e a noite só começa.

De que vale sua dramaturgia se lhe algemam as mãos?
Minhas mãos são bigornas da realidade
Demonstrações da farsa do seu olhar
Eu sou o abraço da sua contradição
E te enforco, aos pouquinhos, querido moralismo. Sofra!

quinta-feira, 16 de maio de 2013

noturna

noturna

O amor, essa lâmina, esse corte de acém. Ai, coração vagabundo de terceira me esfaqueia em primeira. Pessoa, o Fernando, porque sou Pandora. Em caixa, encaixotando Helena de Troia e curando Aquiles com band-aid e álcool. Ah, o amor, princípio etílico de todo fim.

domingo, 28 de abril de 2013

o meu canto


Qual o teu canto?
Canto o T em sua inversão
vem pro meu cantinho
e rebola cintura
grita GOL
encanta a sereia
qual a tua natureza?
ANIMAL
encanta mentes
com teu canto de Orfeu
procura o cachimbo e vai
alinhar os cantos de meu completo desalinhamento
encantamento

quinta-feira, 25 de abril de 2013

objeto sujeito
sujeito objeto
sujeito o objeto
Sui generis
abjeto na história

sexta-feira, 19 de abril de 2013

minha ARTE!

toda criação precisa de destruição
toda inspiração precisa de forca
toda arte precisa da morte
toda moldura precisa de quebra
todo pincel exige fatalidade
toda palavra se lambuza com arsênico

entre cicutas sulfúricas, sou Medusa!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

E qual o seu drama? Sua trama? Sua verdade?

Joga para a curva sua cintura
solta o riso
clap clap
lá se foi o ápice
vem vã
vem pavão
urrar no meu divã

segunda-feira, 1 de abril de 2013

felicidade

felicidade é pouco, foge
do gênero
é pouca.
quando vem
bate e pulsa
vem aí o meu melhor show:
open your arms
felicidade é o bastante
num coração nada estaque

segunda-feira, 18 de março de 2013

recal(que)

 - 18/03/2013

porque eu sou aquilo que não escrevo
escrevo aquilo que sou
e ainda prefiro o recalque
recalque tá na moda
vai lá e passa
a marra fica
e o verso vai
corre
corre
porque a liquidação de almas começou!

domingo, 17 de março de 2013

poema rapidim de águas de março


desliga e liga
off
no cardápio, nada honesto
merda na sala de jantar
porque, afinal, ninguém tem (boa) fé
Vade retro
o mundo não tem jeito
só, somente, não olhe para o lado
não conte com o lado
vá para o canto e se contente
rosto do impossível: Einstein certamente
adverbialmente
contra a conjunção
sejamos menos pronominais
vai saber?
a vanguarda da linguagem
o mais que possível

sexta-feira, 15 de março de 2013

boa noite para os (in)quietos

boa noite para os (in)quietos - 15/03/2013

não calo peito
o luto(in)tensifica
quero quero quero
brincar de realejo
e carregar o seu coração
porque o meu
comi
devorei
mastiguei
cada artéria desse podre coração
artéria
arte
artifício
escolho minha máscara
e queimo
mostro a face
encaro
ainda não estou satisfeita
e tenho muito a devorar
enquanto isso, gozo em minha própria lápide

terça-feira, 12 de março de 2013

poeminha Estou de luto, e não luto...


12/02/2012

carrossel
leva amor como seu
sou poeta
eu poeto
e você carrega

o drama não está vivo
lápide chora versos
mal ditos

abra bem a boca
estou de luto
atravessada pelas hélices
de Dom Quixote
escarro o Dom

estou de luto

gosto de gravatas
de madeira
e estou de luto

claustrofóbica e fetal
peço arrego
ao rego
estou de luto
aqui jaz

terça-feira, 5 de março de 2013

insônia

Insônia é uma arte. Insônia é a arte. Mente grita e come Morpheu. De quatro. Corpo rola, encaixa Pandora. No em, o que importa é o in.

segunda-feira, 4 de março de 2013

pletórica distante

pletórica distante

me diz
o tom do seu canto
a cor do seu canto
o bico do sapato
no canto

me diz
no pé do ouvido
loucuras entre pernas
agacha, agacha
no canto

me conta
sua sinfonia retórica
sua contra dicção do mundo
sangra sua pletórica distante
no canto

me diz e
eu contemplo:
o seu canto
em dó maior.

domingo, 3 de março de 2013

deixa

deixa estabelecer
tempo tempo
ponteiros da arte
faz arte, dá, dá

deixa estabelecer
a conjuntura da reflexão
canta seu silêncio

muda, sou
silêncio
no cio

deixa estabelecer
deixa a deixa

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Coragem e sorte
Bastam
No meio fio arrastão.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

canso-me para encontrar
a última peça dessa cabeça
quebra

Corpo manda releitura – alma não obedece – depende



Corpo manda releitura – alma não obedece – depende

dependências

Próximo. Vim te ver. Falta de ar? Stendhal resolve ou uma xícara funda de angústia profunda. Rala rala o corpo. Bate perna. Roça coxa. Espalma pé. Encara braço. Corpo tira a máscara. Alma se esconde. Cala-te. Cale-se. Alma disforme. Diz. Só resta língua. Nada de melancolia. Nervos e ossos. A panela está apitando. Seu pulso subindo. Olha a pressão. Explode. Vai o corpo. Derrete na força. Esvai no esgoto. Vai o corpo. Pelo ralo. Tic tac. Vem alma. Explode. Entre narinas, explode. Vem a alma na radicalidade esquizofrênica da respiração. Ou sai ou entra. Tal qual orifício. Assim, alma. Um cu.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

trava papa língua



eis que somos
esquisitos
esquivos
esquizofrênicos
eis que somos
esquentados
esquecidos
esquemáticos
eis que somos
esquistossomose
Ao som de Nação Zumbi, vou tomando forças. Recolhendo galões. Admirando os céus. Sim, ele é plural! Amanhã encaro a multidão. Bom entre quatro paredes. Tranca afiada. Mais do que afiada, sangro como lâmina caminhos de Alice. Lindas pernas, a que horas abrem? Alucino entre mandrágoras. Em ebulição, tapa com luva de feltro. E você, meu caro e raro amigo? O que tem feito por ela? Pela diferença?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

"Renda-se como eu me rendi". CL

No meio de tuas rendas
rendo-me
arremedo
sem medo
fui e voltei
no ontem
no amanhã
rendo-me
a você
o presente
Excertos parte 2 (depois do show de O Terno) - Estou morta? Ou você, meu bem?

A flor murchou de um dia para o outro. A gente só vive se mata o outro. Assassina. Sou! E você?

Preparo seu caixão, porque meu terno é de seda, meu bem! Sou assassina!

Meu bem? Meu mal! Baudelaire fleurs. E não estarão em minhas mãos. Apenas Baudelaire, entre minhas coxas.

Assassina sou! Morro para viver. Mato para sobreviver. Sou abelha rainha. Bethania, e não Caetano.

Vem e não vem. Se vier, coragem!
Poemico =

Cheers darling, because it's another time.

I want to see how much time you will insist in a mistake

Give me your hand and come with me.

Debunde-se.

I'm looking for you
Give me your hand

poemico II


Diz que
não diz
mas faz
deseja
silencia.

Quatro paredes
molhadas e surdas
cantam seu gozo
solitário.

Diz que
não
Diz que
não

desejo
diz que sim

sou beija-flor
e você, criado mudo.
Ajoelho, atiro, caio e, entre grades, te encontro.
nada santo
perverso em tudo
a sua maiúscula
não me comove

porque lá fora chove

ir

Ele ia
eu ria
ela fazia

Nós?
Não.
Tenho regras.
Eles não.

Vou não.
Sou. Muito.
Eu.
Detesto rimas pobres

Da série "Amar é"


ELE: Você brilha tanto.

ELA: Eu vou me matar.

ELE: Eu te amo.

ELA: Já escolhi. Veneno. Veneno é o melhor. Eu vou me matar.

ELE: Lembro do seu perfume a cada esquina. Você é tão cheirosa. Sinto no travesseiro.

ELA: Cinza é minha cor predileta. Olhe aquelas nuvens. Aquelas ali, gordinhas de chuva. Eu vou me matar.

ELE: Você fica linda quando chora, meu amor. Linda. Simplesmente, linda.

ELA: Mas será que demora muito? Melhor lâminas nos pulsos. Eu e uma banheira lugar comum. Eu vou me matar.

ELE: Eu desejo seu corpo dia e noite. Seu cheiro, seu suor, seu sexo. Você é linda, meu amor. Eu te amo.

ELA: Eu vou me matar. E ponto.

ELE: Ela se foi. Matou-se. Foi-se. E eu nem puder dizer "Eu te amo"
Cartinhas embaixo da porta revelam o singelo
o simples é
conquista no verbo
na linha rascunhada
mensagens vagabundas de madrugada
fingem que dizem
1,99 o acém
tu tu tu
cai a ligação
ou o coração

poema do (a) sossego


ato I
diz que fui por aí
com todo o amor que houver nessa vida
non, je ne regrette rien

ato II
metalinguagem
meta a língua
meto, enquanto agem
pura maquiagem
meta meta meta
arrisque seu melhor tom ou som

ato III
quem ri por último, rivotril

ato IV
põe o terninho vermelho
relaxa e goza
Roberto Carlos canta para Martha

ato V
par de coxas
cama suada
o futuro

ato 666
o final
com um trago de vinho
rimas pobres
e poesia honesta

sábado, 19 de janeiro de 2013

A flor e o espinho

A FLOR: É preciso saltar, sem hesitar.

O ESPINHO: Eu te amo.

A FLOR: Cuidado com o abismo.

O ESPINHO: Eu te amo.

A FLOR: É preciso saltar. Saltar. Saltar. Sem hesitar.

O ESPINHO: Eu te amo.

A FLOR: Obrigada. Agora, me dê sua mão. Salta comigo?