sábado, 14 de fevereiro de 2009

As moedas de Cuba

As moedas de Cuba

“Cuba é um país de 3º Mundo com índices sociais de 1º Mundo”, afirmou a professora de economia, Nidia Alfonso.

São duas as moedas que correm pela Ilha: o peso cubano e o CUC (peso convertível). A primeira é mais usada pelos cubanos, até porque, os turistas têm um limite para conversão e também para utilização.

1 CUC = 24 pesos cubanos
1 Euro = uma variação de 1.14 a 1.16 CUC’s (enquanto eu estava em Cuba)
1 CUC = 0,80 de dólar

É muito mais compensador levar euros do que dólares. Mas também é preciso pesquisar, pois, enquanto eu estava em Cuba, o dólar canadense estava desvalorizado em relação ao dólar e a taxa de conversão muito boa. A existência de duas moedas, infelizmente, vem criando uma elite no país e Mayde’, personagem abaixo é um exemplo. Supérfluos como desodorante, xampu, papel higiênico são vendidos em CUC nos supermercados e não são nada baratos. Isso porque, para estes produtos chegaram até o consumidor existe muita dificuldade devido ao bloqueio norte-americano e aquilo que chega até Cuba tem um preço bem alto.

A alimentação dos cubanos é garantida pela “libreta”, um caderno no qual cada cubano tem uma cota de alimentos doados pelo governo mensalmente. Roupas, sapatos e utensílios também são vendidos em CUC. Livros, remédios, educação, saúde são garantidos pelo governo. O que observamos em Cuba hoje é a ascensão de uma certa elite que ganha o salário em CUC de forma clandestina, pois trabalha para estudantes ou turistas, seja como doméstica, fotógrafo, artesanato, motorista ou até mesmo alugando suas casas para estudantes (uma média de 300 dólares mensais). Portanto, ganham muito acima daquilo que muitos cubanos ganham de 10 a 25 dólares aproximadamente, dependendo da função. Apenas pessoas que exercem tarefas diplomáticas ou para o governo ganham um pouco a mais.

Devido ao forte turismo existente em Cuba, aquelas pessoas que trabalham diretamente com turistas recebem muitas gorjetas. É comum ir aos locais e ser surpreendido por algum trabalhador pedindo uma gorjeta. Às vezes nem pedem, ficam com o troco da sua conta. A orientação é: não dê gorjetas. Talvez não te atendam bem, porque, em muitos lugares, paga-se antes de consumir, mas diga que é brasileiro que o bom atendimento retorna. Eles adoram os brasileiros, por causa das novelas e sabem que não somos como os outros turistas, nos tratam como ‘hermanos’.

O mais interessante disso tudo é que quase não se vê mendigos pelas ruas. Aliás, eu só vi uma vez. Um amigo brasileiro, estudante da ELAM, contou-me que, em cinco anos vivendo em Cuba, só viu dois mendigos. Se fosse no Brasil, praticamente, em cada esquina, teríamos algum pedinte em situação sub-humana. Os direitos são garantidos em Cuba: saúde, educação, moradia, cultura. E, por outro lado, os cubanos lutam todos os dias pelo fim do bloqueio.

A existência de duas moedas com valores tão discrepantes é uma das principais reclamações dos cubanos que lutam pela unificação da moeda. Participei de uma palestra sobre Economia Cubana com a professora Nidia Alfonso, realizada no acampamento Julio Antonio Mella, no município de Caymito, localizado a 40 Km de Havana e a principal dúvida dos participantes foi em relação às moedas. A professora fez uma contextualização histórica desde a época dos espanhóis e iniciou sua palestra com a seguinte frase:

“Cuba, assim como os outros países, tem um dominador comum. E não me refiro a denominador”.

Quanto à diferença das moedas, ela foi sucinta, restringindo-se à seguinte resposta:

“O governo já estuda a criação de uma única moeda, mas ainda é difícil uma solução para a nossa economia”.

E nada mais. Mesmo questionada diversas vezes, a professora se ateve a essa explicação e apontou diretrizes para o futuro: resistência ao bloqueio, pois não acreditam no fim dele, mesmo com a eleição de Obama; defesa e construção do socialismo; reinserção na economia mundial; elevação do bem-estar dos cubanos; desenvolvimento dos índices sociais já alcançados e diversificação da economia. Nidia ainda disse que Cuba é um país de 3º Mundo com índices sociais de 1º Mundo e citou algumas fontes de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) entre 2007-2008:

- Serviços profissionais: saúde, educação;
- Produtos tradicionais: tabaco, níquel, cítricos, turismo, biotecnologia, informática.

Algo que desestabiliza a economia cubana são os furacões freqüentes. É comum andar pelas ruas de Havana e não encontrar qualquer iluminação, até mesmo nas estradas e nos municípios. Cuba é um dos países com melhores índices de defesa civil e poder de evacuação rápida, mas é muito cara a reparação dos danos. Alguns cubanos me contaram que, geralmente, não morre ninguém durante os furacões, apenas se acontece algum acidente. E se as pessoas não respeitam as regras de evacuação, recebem uma multa e são levadas ao abrigo.

Mesmo com tantas dificuldades, Nidia diz que não há uma receita econômica no socialismo e Cuba passa por situações muito peculiares que impedem seu desenvolvimento. “O socialismo não se faz em um único país, precisamos lutar juntos”, finalizou a professora.


3 comentários:

Fernanda Nakamura disse...

Olaa
Gostei muito do blog, parabens..

Muito dificil ver algo escrito sobre Cuba sem ser uma materia de odio ou panfletaria.

Fernanda Nakamura disse...

Olaa
Gostei muito do blog, parabens..

Muito dificil ver uma materia sobre Cuba direta sem ser de amor, odio ou panfletaria...

bruna santos disse...

olla. gostei muito do blog ....