segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Confissões entre seios


Confissões entre seios

07/12/2008

Acordou com aquela ressaca de final de semana. Boca seca, corpo dolorido, cabeça pesada e no espelho roxos descobertos. Não se lembrava do que havia acontecido, apenas algumas memórias representadas por camisinhas e pétalas de margarida no chão. Sem preocupação com o arrependimento pretérito, entrou no banho ainda com desejo. Com a toalha enrolada na cintura, deixou o banheiro e cinco mensagens na secretária já lhe aguardavam. Eram suas amigas curiosas. Mesmo assim, marcou um almoço.

Foi para a casa de Clarice e as quatro já estavam lá, jogadas na cama de casal em frente à TV. Fofocas, comentários sobre a noite, beijos dados e beijos não dados, estes eram apenas alguns dos assuntos do dia seguinte. Por mais que fossem amigos há anos, algumas situações ainda o incomodavam, pareciam mundos diferentes que teria de fingir algumas ações e reações. No entanto, concomitante a isso, sentia-se liberto ao lado delas, uma sinceridade meramente estranha. Joana está grávida e sente desejo de sorvete. Clarice a critica dizendo que é manha, mas Maria vai até a cozinha buscar-lhe o sorvete. As mulheres falam sobre gravidez, amamentação, filhos, relacionamentos, enquanto Pedro as observa de um modo soturno, porém atento. E quando ele percebe, as quatro estão de seios à mostra quase em uma competição feminina.

- Eu vou amamentar pouco, mas Clarice vai dar leite até dizer chega.
- Parem de besteira, meninas. Até parece que este tipo de comparação influencia a amamentação, é algo natural.

Ouviu os diálogos e a vitória de Clarice. Continuou a observar as amigas com os seios de fora: de todos os tamanhos, cores e bicos, enquanto na televisão, o Globo Repórter mostrava índias também de seios à mostra quase no umbigo. Ficou questionando a diferença entre suas amigas desnudas e aquelas índias. Resolveu contar.

- Meninas, transei com uma mulher ontem à noite. – revelou Pedro.

Perplexas e um tanto exclamativas, as amigas questionaram sua sexualidade.

- Foi com aquela mulher do balcão com a flor no cabelo?
- Margarida, Clarice. Eram margaridas em seus cabelos. E sim, foi com ela e não me arrependo.

Imediatamente, as mulheres cobriram os seios e continuaram o interrogatório. Passava de Pedro, o amigo gay para Pedro, o oprimido. Joana, que sempre tivera uma queda pelo amigo, não se conformava.

- Meninas, acalmem-se. Não é porque sou gay que não posso ter relações com mulheres. Foi uma surpresa boa, da experiência à libertação. Ela é sensível, inteligente e muito atraente. Quando percebi já estávamos na cama gozando ao mesmo tempo. Sorvi cada detalhe feminino, cada defeito, cada qualidade, talvez aquilo que nos uniu sejam nossas mentes. A inocência daquela mulher me excitava mais do que qualquer fantasia sexual. Ela não era a minha vagabunda. Ela não era a minha santa. Ela era minha, simplesmente. Aquele momento era nosso. Apenas duas mentes em sua discreta orgia.

Neste momento, panos descobriram os seios das amigas que já não se importavam. Lágrimas marcavam colos femininos. Pedro abandonou as amigas com o Globo Repórter ainda com a ressaca de devassidão. Queria encontrar aquela mulher novamente, mas nem seu nome sabia. Sonhava em levá-la ao leito novamente, mas sabia que era praticamente impossível. E o impossível continuou a lhe excitar pelo resto da vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei Camila!
:)
beijão