Quem é você?
11/12/2008
Ato I
Continuo solitária nessa imensa platéia de teatro. Ao meu redor, o nada e à frente máscaras dançam entre sorrisos e lágrimas. Pessoas gritam todo o pragmatismo de um mundo sem dono abanando o rabo para todos os lados. Sombras de Hamlet anunciam dúvidas de uma alma indignada. Alguém toca um jazz e a poltrona me excita em tom melancólico. Entre as coxias procuro um fantasma e nem sinto cheiro de uma ópera de subúrbio, apenas alteridade. Ouço línguas febris de uma torre de babel falaciosa que insiste em me cooptar para a cama do rei. Recuso lençóis fracionados e incansavelmente incertos.
Ato II
Cubra-me com o mais puro veludo. Sei que prefere o veludo escarlate, a cor roubada da Dama das Camélias, a cor que jorra entre pernas. Conte-me estórias em conta-gotas, pois vou deitar e rolar entre pétalas de fel. Arranca minha roupa e dança nu entre sombras. Delira em teus maiores sonhos, porque são eles que vão no vão do espelho. As entrelinhas gritam e quase posso ouvir gargalhadas de desespero da barbárie. Ouço, vejo, sinto e cheiro toda a tua dor que invade o meu peito sem licença e nada faz sentido. Talvez você seja o mundo, mas não é o mundo que eu queria. Não é o mundo que carrego em minha mente e em meu coração. Não importa se vou para a cama com Lênin ou Trotski, meus lençóis são seus e meu corpo dança sua valsa de insuficiências. Já no fim do espetáculo derreto-me nua pelo chão de taco e ainda tenho forças para o último ato: o apagar das luzes.
11/12/2008
Ato I
Continuo solitária nessa imensa platéia de teatro. Ao meu redor, o nada e à frente máscaras dançam entre sorrisos e lágrimas. Pessoas gritam todo o pragmatismo de um mundo sem dono abanando o rabo para todos os lados. Sombras de Hamlet anunciam dúvidas de uma alma indignada. Alguém toca um jazz e a poltrona me excita em tom melancólico. Entre as coxias procuro um fantasma e nem sinto cheiro de uma ópera de subúrbio, apenas alteridade. Ouço línguas febris de uma torre de babel falaciosa que insiste em me cooptar para a cama do rei. Recuso lençóis fracionados e incansavelmente incertos.
Ato II
Cubra-me com o mais puro veludo. Sei que prefere o veludo escarlate, a cor roubada da Dama das Camélias, a cor que jorra entre pernas. Conte-me estórias em conta-gotas, pois vou deitar e rolar entre pétalas de fel. Arranca minha roupa e dança nu entre sombras. Delira em teus maiores sonhos, porque são eles que vão no vão do espelho. As entrelinhas gritam e quase posso ouvir gargalhadas de desespero da barbárie. Ouço, vejo, sinto e cheiro toda a tua dor que invade o meu peito sem licença e nada faz sentido. Talvez você seja o mundo, mas não é o mundo que eu queria. Não é o mundo que carrego em minha mente e em meu coração. Não importa se vou para a cama com Lênin ou Trotski, meus lençóis são seus e meu corpo dança sua valsa de insuficiências. Já no fim do espetáculo derreto-me nua pelo chão de taco e ainda tenho forças para o último ato: o apagar das luzes.
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