terça-feira, 4 de novembro de 2008

Reprise de David Lynch no Roda Viva

Reprise de David Lynch no Roda Viva

04/11/2008

Cena: jornalistas, cineastas renomados sabatinam David Lynch.

É claro que, inicialmente, os jornalistas tentaram pautá-lo com questões sobre cinema, Hollywood, surrealismo, Arte, mundo onírico, infância e outros temas.

Tapa na cara ou obviedade?

Pergunta:
Sr. Lynch, por que o senhor acha que Hollywood boicota os seus filmes e sempre tem de buscar parceiros europeus?

Resposta de Lynch:
Hollywood não boicota meus filmes. Eu não faço filmes quando não há como fazê-los. (Lynch refere-se aos contratos de Hollywood que não permitem a edição final do filme, fato que reduz a autonomia do diretor).

Diante de tantas respostas secas do diretor, os jornalistas resolvem pautá-lo por outro caminho, já que Lynch conseguiu pautá-los em boa parte da entrevista (não vejo isso como um mau sinal, pois também ficou claro o cuidado e o respeito dos profissionais com o artista, mas, é claro, que o público quer mais). Meditação é a bola da vez! Em parte, os jornalistas acertaram, pois Lynch respondia cada pergunta com ênfase, sem celeridade e discorria sobre o assunto plenamente. No entanto, qual o interesse do público quando se depara com Lynch no Brasil? Certamente não é meditação. Cinema! Arte! Fotografia!

Grotesco? – usando a meditação para falar sobre cinema? Ou usando Hollywood para falar sobre meditação? Ou nada disso? Ou o Tom Cruise tem um caso com John Travolta?

Pergunta: Alguns atores de Hollywood como Tom Cruise, John Travolta aderiram a cientologia. O que o senhor acha da divulgação desta religião? (algo parecido com isso).

Resposta:
Meditação não é religião.

Eu digo mais: meditação não é Hollywood. Meditação não é cinema! Cadê o cinema? Não que o tema “meditação” não me atraía, mas eu quero ouvir Lynch e suas teorias sobre cinema, arte.

Uma das perguntas me deixou feliz, porque a resposta de Lynch pode ter sido a chave de seus enigmas.

Pergunta: Como foi a sua infância?

Resposta: Repleta de sonhos. Fantástica. Pude fantasiar muito, sonhar e passear pelo mato. Porque de uma coisa eu entendo: é mato – todos os seus mistérios e segredos.

Bingo! Cidade dos Sonhos! Quem assistiu sabe muito bem do quê estou falando... Por mais que desviasse sobre o assunto, Lynch jogou algumas chaves no ar. Enquanto falava, o cineasta dedilhava no ar suavemente como se estivesse compondo alguma melodia.

Para finalizar:

Pergunta: O que o senhor achou do Brasil?

Resposta: Ah! Os túneis do Rio de Janeiro passando pelas montanhas... daria um belo filme....

Será?

2 comentários:

Unknown disse...

O circo montado e todos esperavam o Elefante, veio o Homem. Bingo.

O Desbunde disse...

é exatamente esse o meu sentimento! Palmas!