"Se, depois que eu saísse, um amigo meu desse uma festa e não me convidasse, eu não me importaria nada. Sou perfeitamente capaz de ser feliz sozinho. Tenho liberdade, livros, flores, e a lua, quem poderia ser tão feliz? Além do mais, já não estou muito para festas. Já progredi demasiado para me preocupar com elas. Esse lado da vida acabou para mim, e atrevo-me a dizer que ainda bem! Mas, se depois de eu sair, um amigo meu tivesse uma dor e se recusasse a permitir-me partilhá-la com ele, senti-lo-ia com muita amargura. Se ele me fechasse na cara as portas da casa do luto, eu voltaria uma vez e outra e pediria para ser admitido, para poder partilhar aquilo que tinha o direito de partilhar. Se ele me achasse indigno, incapaz de chorar com ele, senti-lo-ia como a mais pungente humilhação, como o mais terrível modo de a desgraça me ser imposta. Mas isso nunca aconteceria. Eu tenho o direito de partilhar a Dor, e aquele que é capaz de olhar para os encantos do mundo, e partilhar a Dor, e a tua dor, e compreender um pouco a maravilha de ambos, está em contato direto com as coisas divinas, e chegou tão perto do segredo de Deus quanto alguém pode estar"
"Será necessário afirmar que percebi nitidamente que seria uma desonra para mim continuar a ter qualquer relação, ainda que superficial, com uma pessoa como a que tu mostraras ser? Que reconheci que tinha chegado o último momento e que o reconheci como sendo, de fato, um imenso alívio? E que sabia que, no futuro, a minha Arte e a minha Vida seriam livres, melhores e mais belas, de todos os pontos de vista possíveis? Doente como estava, senti-me emancipado"
Oscar Wilde em De Profundis - Balada do Cárcere de Reading
sábado, 1 de novembro de 2008
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Um comentário:
De duas uma, cara companheira das letras e armas: ou a crise ainda não findou ou a unidade só a história, de seu olhar longilonguíneo, poderá contar... beijos e força... estamos aí, também, pra ação dialética da cerveja e do papo... :)
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