Bela parceria com o querido amigo e poeta, Franco Rajer. Lembro-me exatamente do telefone tocando de madrugada e cactos atravessando nosso diálogo inspirado por um poeta argentino. No dia seguinte, a orgia literária estava posta. Estes são poemas antigos, mas, há alguns dias, Franco enviou-me para recordarmos. Boa lembrança!
Cacto'S
Camila Marins – 23/03/2007
Um grão algures, contra
minha contradição
do seu vácuo resistente, este cacto
é um curvo caractere
onde alinhar a espinha
e minha pele jamais será como a tua;
seu ângulo depressa,
coutado
à sobrevivência e à displicência
desta sombra liquefeita, destas cutículas
que inibem o facto: o fragmento
era esse o hino, esse acervo
de notas
sons
desafinados aqui, na irrelevância
de qualquer semântica
Os cactos refletem no cascalho, no
sussurro do eco. Jamais esquecem
sua panacéia:
vão resistir
vão nascer quase sem meu consolo
O cacto é
esse grão amargo, degustado
no micro do poro, bem
escondido? É.
Esquecido pelos insetos
se centrifuga de si; e a sua
rotação
é acto, negada ao plural.-
Cacto
Franco Rajer
Um grão algures, contra
minha contradição
no seu vácuo resistente, este cacto
é um curvo caractere
onde alinhar a espinha
e minha pele jamais será como a tua;
teu ângulo agudo,
espreitaà sobrevivência e à gratuidade
desta sombra liquefeita, destas cutículas
que inibem o fato: "o fragmento
era esse hino, esse acervo
de notas
sons
desafinados aqui, pelo calor
deformador da paisagem "
E o eco propagado no cascalho,
sussurra: "cactos, não esqueçam jamais
esta canção"
vão resistir
vão renascer quase mudos
"O cacto é
esse grão amargo, degustado
no micro-poro, semi
escondido?". É.
centrifuga-se de si; e a sua
rotação é ato, não procura o infinito
sábado, 1 de novembro de 2008
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