domingo, 12 de outubro de 2008

Sonhos de Ogum

Pois bem, é chegado o dia. 12 de outubro: dia de nossa Senhora Aparecida. Para aqueles que não sabem, chamam-me Aparecida. Sim! Camila Aparecida Marins Alvarenga Theodoro. Podem acreditar, minha mãe adora nomes grandes e fez promessa para Nossa Senhora Aparecida. Um nome em sua eterna contradição. Quando criança, minha mãe obrigava-me a ir até a Basílica. Com o passar do tempo, o Saci substituiu Nossa Senhora e, por uma triste coincidência, em meu aniversário deste ano ganhei um São Jorge aveludado vermelho que ganhou espaço em minha cômoda. Este foi um dos presentes que mais me deixou surpresa. São Jorge fica bem à minha frente, iluminado pelos raios de alguma Lua ousada. E, às vezes, Ogum invade meus sonhos, impede meu sono e inquieta minha alma. Um dia, caiu-lhe a cabeça. Rolou pela cômoda até se esconder embaixo da cama. Cabeça de Ogum separou-se do corpo e aquele que era vermelho, transformou em pó. Apenas gesso. Foi colado, mas Ogum nunca mais fora o mesmo. Não me ajoelho em preces, mas caio desvairada em teu samba. Salve Jorge de Capadócia!


Medalha de São Jorge

Moacyr Luz e Aldir Blanc


Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita à lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebrando de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade:
Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão

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