terça-feira, 12 de julho de 2011

Unidunitê das contradições

“Eu sou uma mulher sem preconceito”. “Filho gay eu não admito”. Estas foram as duas frases da mãe que recebeu a notícia que o filho é gay no episódio desta terça-feira, dia 12, na novela Insensato Coração. Não se trata de mera coincidência e sim, de sincera realidade. Conheço inúmeros casos de pais que proclamam contra o preconceito, que têm amigos e até parentes homossexuais, mas quando se trata do filho ou da filha, a história muda de rumo. E aí vem o preconceito, o julgamento moral, as agressões e o total desrespeito. E a isso chamo: HIPOCRISIA.
O que faz uma mãe ou um pai agredir o filho com as piores palavras e, muitas vezes, chegar à violência física? O que faz uma mãe ou um pai desrespeitar uma filha lésbica ou um filho gay? O que faz uma mãe ou um pai renegar uma mulher que gosta de mulher ou um homem que gosta de homem? O preconceito. A libertação é sempre secundária e mascarada. Aquele olhar hipócrita para a realidade, aquele aceno da varanda em paradas gays, aquela pseudo indignação em casos de agressão com outrem. As contradições nos rodeiam e não fogem dos lares.
É bom avisar que ninguém escolhe sexualidade, ou então, existiria unidunitê. A coisa não funciona bem assim. Muitas vezes, é preciso educar mães e pais. E acreditem: eles não são sagrados! São iguais a qualquer outro ser humano e, portanto, passíveis ao erro. Imaginem ser expulso de casa, escorraçado e ainda levar uns tapas do pai simplesmente pelo fato de amar outro homem. Sim. O filho apanha por amar. Simplesmente isso. E a ele é negado todo e qualquer tipo de amor ou respeito pela família.
Sei que, infelizmente, a sociedade é conservadora, mas fazer um outro ser humano sofrer é pecado capital, embora eu não acredite em pecado. Respeito. Amor ao próximo. Apenas isso. Nada mais. Se você, pai ou mãe, tem um filho gay ou uma filha lésbica, não ignorem, não agridam, não tratem como animais. Respeito é um direito e eu questiono para que uma família nesse sentido? Perdeu-se. E fim.

3 comentários:

Edson Flávio disse...

muito bom o texto.
Sério e reflete bem parte da sociedade hipócrita que temos.
Bjão.

A(quela): disse...

Ótimo texto! A hipocrisia descrita pode se estender a muitos outros que na fala se intitulam não preconceituosos mas na prática são outros 500...

Parabéns!

Anônimo disse...

Sou mãe de um filho gay. Meu único e maravilhoso filho. Desde que ele era pequeno eu já percebia. Não que ele tivesse trejeitos, mas eu percebia a diferença entre os meninos da idade dele. O pai sempre achou que era coisa da minha cabeça. Mas infelizmente não era. Digo isso por que nenhuma mãe quer que seu filho seja "diferente". O que eu quero dizer é que quando se é mãe de um filho gay, as preocupações se tornam maiores, pois, o preconceito o julgamento vem em primeiríssimo lugar. Meu filho não quer que ninguém saiba que ele é gay. Ele só me contou porque eu o coloquei na parede. Tenho amigas que dão em cima dele e eu fico triste por que ele fica sem graça, acho que ele é muito sozinho. Ele tem 18 anos e ainda é virgem. Dificilmente sai e quando sai é com amigas. Sei que pelo fato de ser tímido vai demorar mais para que ele se solte. Mas tenho muitas dúvidas. Ele trabalha, vai fazer faculdade, é dançarino nato. Mas muito sério.
Quem o conhece jamais diria que é gay. Aqui estão palavras sinceras para um filho maravilhoso. Eu e o pai dele redobramos nosso amor quando soubemos, pois, sabemos que é um mundo muito sofrido este. E que ele tem que ter todo apoio do mundo. Quero que os pais saibam que eles não são culpados e nem nós. Essas foram as palavras de um rapaz maravilhoso, que nunca nos deu motivo de preocupação. Nunca desobedeceu a um pedido do pai ou da mãe. Sempre abriu a porta para eu entrar. Cavalheiro, educado, aluno aplicado, maravilhoso e gay.
Filho querido eu te amo. Eu não queria ser mãe de outra pessoa. Deus colocou você no nosso caminho por que sabia que nós iriamos amá-lo pra sempre. Bjs e seja feliz.