Livre exercício da profissão. Aprendemos isso na faculdade para garantir o direito de exercer nosso ofício. Nós, jornalistas, fomos protagonistas do processo de redemocratização do país nos tempos mais sombrios da ditadura militar. Fomos perseguidos, torturados, censurados e retaliados. Com o fim da ditadura e o passar dos anos diante da conjuntura política e social, a imprensa avançou e também recuou. Isso porque conquistamos a liberdade de expressão, o direito do livre exercício da profissão, mas também lidamos com o monopólio da mídia e o controle dos empresários.
Mas não tenho o objetivo de falar sobre estas questões nesse relato. Quero mostrar minha indignação a certas situações de desrespeito e desvalorização do trabalho alheio. Tenho o costume de participar de atividades e eventos de movimentos sociais e organizações, cobri-los e divulgá-los, com o objetivo de contribuir pela democratização da comunicação. Recentemente, fui cobrir um evento e quando fui me credenciar como freella, a jornalista foi enfática: “Mas não dá para credenciar sem veículo”. Quando fui explicar a história, já começou a burocracia e antes que eu começasse a discursar pelo livre exercício da profissão, ela me credenciou e pediu para eu esperar lá embaixo junto com o público, enquanto os jornalistas “de veículos” entravam e escolhiam lugares estrategicamente. Detalhe: eu estava com equipamento e precisava de tomada e, mesmo assim, não pude entrar.
Esta não foi a única situação, já passei por várias outras e sei bem que outros colegas de profissão passaram por isso. Eu compreendo a importância de audiência, da publicidade da informação, mas, todos nós, estamos exercendo nossas profissões, tanto os “jornalistas de veículos”, como nós, jornalistas “sem veículo” em prol de um ideal, de uma causa. Não quero aqui atacar um ou outro profissional, mas clamar por respeito. Merecemos direitos iguais e estamos todos juntos, nessa seara de exploração do trabalho. Afinal, quantos jornalistas ganham realmente o piso, têm a jornada de trabalho devidamente respeitada e todos os direitos garantidos? Pois é, estamos no mesmo barco. Somos trabalhadores iguais, “de veículos” ou não. Fica aqui a minha indignação pela falta de respeito a nós, profissionais “sem veículo” comprometidos com uma sociedade mais justa, solidária e igualitária. E digo: o meu veículo é a SOCIEDADE!
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
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