sábado, 1 de agosto de 2009

Meu canto

01/08/09


Eu canto a dor que varre corpos esquizofrênicos. Corpos que mal se sustentam em pés frágeis de bailarinas de covis. Eu canto o desmascarar de poses mal refletidas em lentes convexas. Eu canto a dor mais pura que ocupa estômagos vazios. Eu canto a dor de uma boceta mal compreendida em encenações shaksperianas. Eu canto toda a contradição deste mundo. Eu canto o passado, o presente, enquanto o futuro permanece engasgado. Eu canto a perdição de amores nada perfeitos, mais do que vagabundos. Eu canto tudo aquilo que lhe parece ridículo e apreendido em orgasmos mal contidos. Eu canto os desejos mais carnais de religiosas em oração. Eu canto a prece nunca ouvida. Eu canto os gemidos de putas bêbadas. Eu canto até que a própria poeta esteja liberta de suas e alheias amarras.

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