quarta-feira, 26 de agosto de 2009

EI DEFUNTO

Remexia-se na cama como defunto na cova.

Ei, defunto

o tempo seduz ponteiros de madeira fria
meras redundâncias contemporâneas...

Ei, defunto

Neruda se confunde com tempos verbais
lombadas de livros deixam ásperas as mãos de Borges.

Ei, defunto

vem, com dissonante voz, vem
alimenta ruídos de meu estômago

ei, defunto

quase me esqueci das entrelinhas esgarçadas
cobre meu corpo com teu manto noturno

e, por fim, descobre a aurora de meu corpo
no fundo de um quarto de Van Gogh

Ei, defunto
Ei, defunto!
Ei, defunto?

A sete palmos lhe beijo a face
quem sabe de amanhã


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