quarta-feira, 11 de junho de 2008

ENTREATOS DE UMA SOLIDÃO



Capítulo II da série "Sacrilégios"

ENTREATOS DE UMA SOLIDÃO


Camila Marins – 11/06/2008


Subiu ao palco e mal sabia seu ato final. Deitou-se e aconchegou o dorso em uma espuma vagabunda. Nada sabia. Virou para o lado como alguém que nada quer. Tentou mostrar que ali estava. De todas as maneiras intentava presença. Escarrava algumas blasfêmias que, talvez, pudessem contaminar seu público. Desistiu de seu protagonismo infantil e, ali, permaneceu imóvel. Com os olhos quase estalados, observou movimentos entre as coxias. E, entre aqueles voluptuosos esconderijos, enxergou sua vida. Enxergou, quiçá, sua morte. Mas, certamente, enxergou sua insurreição. E as coxias nada mais eram do que seus lençóis de seda. Deitou-se em uma cama libidinosa e, em pura devassidão, rolou em seu próprio leito. Este era o seu palco. E o público? Algumas baratas do canto de lá. E, entre os lençóis emaranhados em seu pescoço, brindou! Tim tim! E o seu maior pecado? A solidão de uma cama.





7 comentários:

Maíla Diamante disse...

Puxa! Bela e estonteante imagem da solidão.

Maíla Diamante disse...

ops! desculpe os erros de postagem.

Carolina Cristina disse...

Solidão é fodaaaaaaaaa!!!
Bjos...

Wilson Guerra disse...

Sabia que a Maíla iria gostar ahahahahah. Mas não é que eu fui pêgo pelo texto também...

O Desbunde disse...

meus queridos solidão dói...
solidão corrói...
mas, sinceramente, também é boa!
solidão é inspiradora
solidão é companheira

Anônimo disse...

Bela imagem. Sou amiga da Fernanda Cristina. Posso te linkar?
Beijos.

O Desbunde disse...

obrigada! claro que pode linkar