domingo, 22 de junho de 2008



Desnuda

21/06/2008

Resposta a um sopro... alguns ventos a rodar.. e prestem atenção, pois não é o saci!!!!! Olha a Eólika aí.

eu! sou? quem: começo às avessas. Se perguntas quem sou eu, simplesmente, digo: eu! sou? quem: sem um ponto final, nada interrogativa, sempre anunciando prenúncios. Talvez pleonástica, até mesmo redundante. E muito sibilante. Ah, uma divisora. Sim! Uma divisora do cotidiano, entre a tragédia e a comédia. Sorrisos gratuitos e sinceros escondem cacos d’alma. Família? Essa é a minha metonímia predileta. Primogênita e sobrinha que as tias detestam e afastam das primas. Uma relação bastante adversativa. “Radical”, acusam-me, mas tenho tal expressão como elogio (ou será elegia?). Sou assim, radical, aquela partícula de palavra invariável... Minha aula predileta na escola? Estudos sociais. Ah, o folclore brasileiro! Brincava de saci e de caipora. Eu sou assim: uma mistura de saci e caipora: cabelos esvoaçantes em pele preta. Salve meus orixás. Os atabaques levam meu corpo para a roda, onde balanço onomatopéias embaixo da saia.

Perguntas:
O que me atrai? Saci, Caipora, Lilith, Mário Quintana, Maria Bethânia, Guinga, Vitor Ramil, tambores, flores, vinho, clowns, danças afros, saias, cinema, arte, flores, Clarice Lispector, política, solidariedade, sorrisos, piadinhas bobas, trocadilhos, escatologia e o mistério das PALAVRAS e o etc. Meu canto é bem dissonante. Um labirinto de eufemismos.

Desejos, paixões? Sou uma alegoria e também canto Florbela Espanca:

“Trago na boca o coração dos cravos!
Boêmios, vagabundos e poetas,
Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!”


Você pergunta: “Do que espero do mundo?”
Sem ironias, espero mais expressões. Que as borboletas continuem a passear pelas minhas entranhas. Que os diálogos sejam cravados nas paredes de um abismo e esse eco em sustenido desenhe suas próprias metáforas. Espero? Desejo! Que um sopro suave corra pelo meu corpo. Que arrepios saltem entre coxas. Que a coragem derrame sua taça vital. Que tulipas sejam o tapete para o Olimpo. Que anjos rasguem minhas roupas e assim, desnuda, brindarei o ato final: uma hipérbole ensaiada.

e etc e tal...

e sobram as benditas ou mal ditas reticências....

bem que me disseram... essas malditas....

7 comentários:

Maíla Diamante disse...

Um radical livre, instável e reativo. Reage ao balanço suave de uma folha qualquer provocado por um vento qualquer. (não te conheço, mas presumo)

Gostei da nudez reticente. Lerei novamente, nas entrelinhas.

Carolina Cristina disse...

Cam-Cam, tão desnuda e verdadeira, amiga presente (mesmo eu não sendo tão presente). Você é a poeta de todos os tempos. Que as tias queimem no mármore do inferno, não sabem nada e não vêem nada. A sua sensibilidade está nas palavras. Você saci-caipora-camila!

Bjos...

Carolina Cristina disse...

ah, não posso esquecer de continuar dizendo em caixa alta e bom tom:

SOU SUA FÃ!!!

O Desbunde disse...

Maíla: um radical livre... ação e reação. nesta física toda, não sobra espaço para inércia. Bingo!

Carol: amiga querida! literata estimada! obrigada sempre! e essa semana sem falta nos vemos hein? sem desculpas!

Denis Forigo disse...

gostei das entrelinhas! ;)

Marcos Fernandes disse...

sobre imãs e desejos, lembrei-me de umas palavras dum poetaço daniel wiegel, "Evito missas e acredito que não exista nada melhor que um par de boas pernas sob uma saia justa ou belos seios pulando fora do decote... É difícil ou quase impossível passar batido."

O Desbunde disse...

AgniGuran: que saudade d'ocê!!!!
beijos!