BACO E OS CACOS DE UM DIA
Camila Marins - 12/06/2008
especial para o Dia dos Namorados, parte III da série "Sacrilégios"
Eram três. Duas mulheres e um homem. Atravessaram a porta espelhada e, logo, sentaram-se em uma mesa para fumantes. Acenderam o primeiro cigarro e escolheram um Cabernet Sauvignon. Com a destreza de um sommelier, a mulher rodou suavemente a taça entre os dedos, sentiu o leve aroma e deixou que esse néctar de Baco brincasse com seus lábios. Brindaram ali a lua que não era nada azul. Depois de lotar cinzeiros e de muitas taças vazias, restou a contradição. Aliás, talvez nada. Ao redor, casais tomavam do mesmo vinho e os três, ali, observando pela janela o manobrista correndo para devolver a chave a um dos clientes. Saltos contrastavam com os chinelos dos três. Muitas maquiagens ignoravam as olheiras dos três. Ah! Santíssima Trindade! Dura repetição a três! Na mesa ao lado, a mulher mandava no marido e comandava a mesa. À direita, um jovem casal universitário divagava sobre casamento. Enquanto isso, os três tragavam a ébria fumaça e se embriagavam com os malabares da noite. Uma das mulheres sacou da bolsa uma caneta e em um pedaço de papel começou a versar. Conforme a ciranda, os três tergiversaram. Tergiversaram sonhos. Chegou o momento que não havia mais papel e as mesas ao lado já estavam sem guardanapo. Olharam para as taças quase vazias, ainda com aquele resquício de vinho ao fundo. Não tiveram dúvida e, sincronizados, apertaram entre os dedos. Cacos estouraram veias e o vinho misturado ao sangue borrou os últimos versos que lhes restavam: “Bendito é o fruto entre as mulheres”.
Camila Marins - 12/06/2008
especial para o Dia dos Namorados, parte III da série "Sacrilégios"
Eram três. Duas mulheres e um homem. Atravessaram a porta espelhada e, logo, sentaram-se em uma mesa para fumantes. Acenderam o primeiro cigarro e escolheram um Cabernet Sauvignon. Com a destreza de um sommelier, a mulher rodou suavemente a taça entre os dedos, sentiu o leve aroma e deixou que esse néctar de Baco brincasse com seus lábios. Brindaram ali a lua que não era nada azul. Depois de lotar cinzeiros e de muitas taças vazias, restou a contradição. Aliás, talvez nada. Ao redor, casais tomavam do mesmo vinho e os três, ali, observando pela janela o manobrista correndo para devolver a chave a um dos clientes. Saltos contrastavam com os chinelos dos três. Muitas maquiagens ignoravam as olheiras dos três. Ah! Santíssima Trindade! Dura repetição a três! Na mesa ao lado, a mulher mandava no marido e comandava a mesa. À direita, um jovem casal universitário divagava sobre casamento. Enquanto isso, os três tragavam a ébria fumaça e se embriagavam com os malabares da noite. Uma das mulheres sacou da bolsa uma caneta e em um pedaço de papel começou a versar. Conforme a ciranda, os três tergiversaram. Tergiversaram sonhos. Chegou o momento que não havia mais papel e as mesas ao lado já estavam sem guardanapo. Olharam para as taças quase vazias, ainda com aquele resquício de vinho ao fundo. Não tiveram dúvida e, sincronizados, apertaram entre os dedos. Cacos estouraram veias e o vinho misturado ao sangue borrou os últimos versos que lhes restavam: “Bendito é o fruto entre as mulheres”.
Um comentário:
sou sua fã!
definitivamente e pra sempre!
bjos...
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