segunda-feira, 20 de julho de 2009

Você é negra? Você é negro?

Você é negra? Você é negro?

20/07/2009


Sempre me dizem:

- Você não é negra. Só seus cabelos denunciam a raça.

Cansei de ouvir esta expressão e tenho a resposta para todos que me questionam:

- Se não sou negra, porque sofro preconceito racial todos os dias e em todos os ambientes?

Certamente, nunca estiveram em uma loja do shopping e foram confundidos com o vendedor; ou lhe pediram para servir um cafezinho em eventos como congressos ou palestras; ou fora ignorado em universidades e escolas; ou simplesmente ouvido o seguinte: “fala com a neguinha ali”; ou em uma roda de pessoas, desconhecidos cumprimentam com beijinho e abraço todos os brancos, menos aqueles de cor distinta. E, pior, em um antigo trabalho seu ex-chefe lhe diz: seu cabelo não é esteticamente aceito... Agora eu pergunto:

- Quem de vocês passa por tais situações cotidianamente????

Ser mulher e ser negra não é nada fácil. E jamais deixarei de assumir minha identidade racial, ao contrário, lutarei até o fim por ela. E, para demonstrar um ponto positivo da luta, é bom ressaltar que a L’oreal foi multada justamente por preconceito de raça (notícia abaixo).

E eu, particularmente, não me identifico lá fora. Cartazes, outdoors, novelas, propagandas, modelos, manequins. Novelas com protagonistas negros ou são sobre escravização ou sobre um tema que já tenha conotação racial pejorativa, como por exemplo, “A Cor do Pecado”. O restante se transforma em empregada, motorista, entre outros subempregos. É bom lembrar que cerca de 70% da população pobre é negra!!! E por onde andam as políticas? Em debates subalternos da sociedade dividida...



L’Oréal é condenada por racismo

A empresa de cosméticos francesa L’Oréal foi condenada pela suprema corte do país a pagar uma multa de 60 mil euros (R$ 164 mil) por discriminação racial. Segundo o jornal The Times, a Justiça considerou que companhia assumiu que mulheres negras, árabes e asiáticas não eram “dignas” de promover seu xampu.

A Justiça francesa julgou que a L’Oréal procurou um grupo de mulheres brancas para promover o Fructis Style, da Garnier, divisão de produtos de beleza da empresa. Segundo o jornal, as promotoras de vendas para o produto pretendidas pela empresa deveriam ser BBR – bleu, blanc, rouge (azul, branco e vermelho), as cores da bandeira do país e um código do mercado de trabalho local para “franceses brancos nascidos de pais franceses brancos”.

La Cour de Cassation, o equivalente ao Supremo Tribunal Federal brasileiro, considerou que a exigência infringiu a lei trabalhista francesa e manteve uma decisão do tribunal de apelações de Paris, tomada em 2007.

A derrota é mais uma mancha na imagem do maior fabricante de cosméticos do mundo, disse o The Times. A empresa gastou milhões de dólares em propagandas com estrelas como Andie MacDowell, Eva Longoria, Penélope Cruz e Claudia Schiffer, informou a reportagem.

A L’Oréal também teve sua imagem arranhada no ano passado quando seus executivos foram forçados a negar que a empresa tinha deixado mais branca a cantora americana negra Beyoncé Knowles.

Com a condenação, a L’Oréal e a Adecco (agência de recrutamento usada na ocasião) terão que pagar, cada uma, 30 mil euros (R$ 82 mil) de multa e doar outros 30 mil euros, cada uma, para a organização SOS Racisme, que combate a discriminação racial na França.

Em nota enviada ao jornal, a L’Oréal expressou “desapontamento” com a decisão e a Adecco se recusou a fazer comentários. Já as filiais brasileiras das empresas não foram encontradas para comentar a condenação.

Agência Terra

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