Sobre cigarros
07/07/2008
Estou evitando o cigarro. Nunca tive o hábito de fumar diariamente, apenas com cervejas. Nem mesmo o stress me leva à nicotina. E, ultimamente, os cigarros aumentaram ou serão as cervejas? Algumas noites, vai-se o maço. Confesso: é muito difícil resistir a um cigarro bem acompanhado. Mas a nicotina tem me incomodado profundamente. Não tenho muitas vaidades e o cigarro depõe uma das minhas mínimas inanidades - ah! a arte egípcia... Por que o cigarro? Talvez uma relação promíscua com o tempo. Ah! o tic tac confunde-se com as tragadas. Deveria ser fácil parar completamente. Por que o cigarro? Zeca Baleiro embalou os seguintes versos: “A solidão é o meu cigarro. Não creio em santos ou poetas. Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu”. Experimentei esse tabaco aos 13 anos e escondia bitucas em uma caixinha embaixo do colchão da cama. Um dia, minha mãe a encontrou... e ela silenciou. Curiosidade foi o motivo e depois apenas em situações pontuais metia o maldito na boca. Hoje, a poeta gosta de tragar ao versar. Tragos de alguma bebida ou tragos dessa fumaça notívaga. Por que o cigarro? ‘A solidão é o meu cigarro’? respiro, trago a solidão até ter a certeza de que ela está dentro de mim e, já satisfeita, quem sabe eu possa assoprar resquícios dessa solitude.
20 cigarros ocupam uma caixa.
2 E 0!
2 A 0?
‘A solidão é o meu cigarro’? cansei-me desse pérfido vício. Já me basta o café! Trago, trago, trago todo aquele filtro libidinoso que se desfaz em segundos. Trago a solidão estampada. Apenas bitucas e cinzas. Cinzas perdidas pelo meu corpo quase confundem-se. Olho para o maço e lembro-me de que ontem fumei um destes acompanhada por alguns copos. Fita-me o maço imaginando seu destino. Não! Não o jogarei fora! Resistirei! Resistirei à tentação! Meus dedos ousados desviarão o caminho. Chega desse vício! Puro cio descontente. Largarei ali, na mesa, ao lado do saci e se, por ventura, um cigarro sumir, direi:
- Não fui eu. Foi o Saci!
segunda-feira, 7 de julho de 2008
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2 comentários:
Hummm... Cigarro!!! É um vício que vai e volta em meu corpo. Tento, tento, mas um dia ele me tenta.
Sei como é isso!
Às vezes me imagino fumando para escrever. Doidera, né?
Bjos...
Cigarro??? Esse é um vício que nunca tive e nunca o entendi (juro) essa coisa de fumaça indo e vindo para dentro do meu ser não me agrada. Claro, sou uma fumante passiva, daquelas que andam pelas ruas e a fumaça procura parecendo saber que não gosto dela.
Nunca liguei a escrita ao cigarro, mas sempre liguei ao chá quente, ao disco de vinil, a madrugada, ao silêncio. Coisas assim...
Quase me esqueço, ao final da tarde, a sombra da jabuticabeira (hummmm).
Abraços meus
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