Camila Marins - 20/03/2011
Não me formei jornalista por dinheiro ou por glamour. Muito menos por algum sonho de infância. Segui a intuição de uma professora de português do Ensino Médio, fui seguindo e me apaixonando pela profissão. Ser jornalista nos traz muitas incertezas, mas de uma certeza temos: a capacidade de sensibilizar e comover as pessoas para a realidade social, por meio das palavras. Desenhamos obras de arte, valsamos melodias em letras e temos em mãos o maquiavélico (ou não) poder de convencimento. Tudo vai depender de que discurso nos apropriaremos.
Mas, infelizmente, ser jornalista não é nada fácil. A cada dia, nós, profissionais, temos nossos direitos atacados. Além da queda do diploma, temos assistido a uma lamentável precarização do trabalho. As conquistadas 5 horas de trabalho (leia aqui o belo artigo da jornalista Elaine Tavares) já não são mais respeitadas pela maioria dos veículos e agências. Hora extra não existe, apenas um banco de horas fantasioso, já que muitos jornalistas acumulam centenas de horas EXTRAS e sequer conseguem compensá-las em folga. Ou seja, trabalho não remunerado e superexploração. Além disso, existe o acúmulo de função. Jornalistas que escrevem, editam, fotografam, diagramam, fazem vídeos, áudio, e tudo isso ao mesmo tempo e sem remuneração extra. (ATENÇÃO: jornalista não tem obrigação de fotografar ou cumprir outras funções).
E os ataques não param por aí. Falando em remuneração, quantos de nós recebem de acordo com o piso salarial? Poucos, isso eu posso garantir. Conheço gente de redação, aqui no Rio de Janeiro, ganhando R$1.200, dando plantões infindáveis, muito além da jornada de cinco horas. Até mesmo profissionais que trabalham em entidades de classe não têm seus direitos respeitados. Isso sem falar das terceirizações e o famoso PJ (Pessoa Jurídica), que não garante qualquer direito ao profissional. E o pior de tudo é que, muitas vezes, essa parece a única alternativa, haja vista as filas e filas de profissionais procurando emprego.
O quadro não é bom. Precisamos garantir os nossos DIREITOS! Estimular uma ampla campanha de valorização profissional frente aos ataques. E por que não dizer: Sou jornalista sim, e tenho orgulho! Não podemos dar por finda a nossa situação trabalhista. Não podemos sucumbir. Não é o fim do jornalismo. Mas sim, a retomada de nossa luta. A retomada de uma luta histórica da categoria. Somos trabalhadores e merecemos respeito. Sou jornalista sim, e tenho orgulho!
PELO FIM DO BANCO DE HORAS
PELO FIM DAS TERCEIRIZAÇÕES E DOS PJ’s
PELO FIM DO ACÚMULO DE FUNÇÃO
PELO CUMPRIMENTO DO PISO SALARIAL
PELO RESPEITO À JORNADA DE TRABALHO DE CINCO HORAS
domingo, 20 de março de 2011
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2 comentários:
Excelente texto! e (infelizmente) serve não só para trabalhadores de empresas de comunicação, agências e redações, mas também para jornalistas de imprensa sindical, que lidam diariamente com a frustração de sofrerem com abusos por parte daqueles que deveriam defender os trabalhadores...
parabéns, Camis, linda como sempre!
beijos
É isso aí Camila. Pena que nossa categoria parece que está anestesiada. E nossa direção sindical então, sem comentários.
Porém não podemos perder a capacidade de luta, pois aí sim seria o fim da profissão.
Belo texto!
Um abraço, com saudade
Reginaldo
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