10/09/2009
Seu lirismo era putanesco e não manifestado em seu corpo. Pensava que seu maior inimigo era a dor, mas enganava-se. Lograva-se na pseudo persuasão de caminhos lascivos. Seu corpo escorria a seiva da mais pura dor. Dividia-se na existência e perdia-se em EUs. Era mulher e quase odiava o mundo por isso. Sonhava com o ascensorista do prédio. Ah! Como lhe atormentava aquela imagem: dedos acariciando botões... Não era um toque manual automático ou desatento; era um toque libidinoso, quase convidativo. Continuava perdida entre desejo e dor. Oceânica e sedenta: assim era sua alma derretida em lágrimas – sal que seca corpos e incita masturbações indesejáveis. Cansava de proibições e pervertia-se em descobertas que pingavam, uma a uma, por suas coxas. Ainda molhava lençóis: solitária. E tinha a fome de Lilith. Tinha a fome de Zeus. Queria engolir tudo para preencher o vazio. E o vácuo, finalmente, revelou seu maior inimigo: o seu próprio eu, minúsculo em existência.
3 comentários:
Caramba moça, muito bons e sensuais seus textos.
Nesse negócio de blog parece que todo mundo é bom escritor.
Que poesia mais intensa, a pele fica em foco e a gente sente as sensações sendo construídas numa lentidão que vai ganhando força pouco a pouco. Bravo carissima. Grata pela possibilidade!
A dor contida no EU. O EU inflado de medo, causando a dor.
Perfeito!...
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