quinta-feira, 10 de setembro de 2009

INSÔNIA - again


INSÔNIA - again
10/09/2009


Seu lirismo era putanesco e não manifestado em seu corpo. Pensava que seu maior inimigo era a dor, mas enganava-se. Lograva-se na pseudo persuasão de caminhos lascivos. Seu corpo escorria a seiva da mais pura dor. Dividia-se na existência e perdia-se em EUs. Era mulher e quase odiava o mundo por isso. Sonhava com o ascensorista do prédio. Ah! Como lhe atormentava aquela imagem: dedos acariciando botões... Não era um toque manual automático ou desatento; era um toque libidinoso, quase convidativo. Continuava perdida entre desejo e dor. Oceânica e sedenta: assim era sua alma derretida em lágrimas – sal que seca corpos e incita masturbações indesejáveis. Cansava de proibições e pervertia-se em descobertas que pingavam, uma a uma, por suas coxas. Ainda molhava lençóis: solitária. E tinha a fome de Lilith. Tinha a fome de Zeus. Queria engolir tudo para preencher o vazio. E o vácuo, finalmente, revelou seu maior inimigo: o seu próprio eu, minúsculo em existência.


3 comentários:

Carlos Lucio disse...

Caramba moça, muito bons e sensuais seus textos.
Nesse negócio de blog parece que todo mundo é bom escritor.

Lunna disse...

Que poesia mais intensa, a pele fica em foco e a gente sente as sensações sendo construídas numa lentidão que vai ganhando força pouco a pouco. Bravo carissima. Grata pela possibilidade!

Dai disse...

A dor contida no EU. O EU inflado de medo, causando a dor.
Perfeito!...