quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Histórias de um consultório


Duas vezes nessa semana: avisto o número do ônibus, tenho certeza de que é o certo e acabo em algum lugar nada a ver com o meu real destino. Enxergar nunca foi tão complicado. Chegar também não

Hipercorreção da miopia. Este foi o primeiro diagnóstico de um oftalmologista ao diagnosticar que meu grau havia diminuído em um grau. Caso raro, segundo o tal homem. Eu saí do consultório com a felicidade ao lado e, especialmente, com a raridade de mãos dadas. Sim, eu fazia parte de mais uma numeração, mas, desta vez, fazia parte dos casos raros de hipercorreção. Me bateu aquela sensação de ser única. Uma raridade.

Pois bem, aprendi que bastam algumas palavras para o mundinho criado na mente se desfazer como pó em mesa de cabeceira. Perdi a receita e tive que marcar novamente a consulta. Não consegui com o mesmo oftalmologista e aproveitei para ir a outro. Mais velho, mais sério e um consultório bem decorado. A impressão foi ótima. Foi seco no diagnóstico: o seu caso não é uma hipercorreção e sim, falha de diagnóstico. Ali, toda a minha expectativa de não ser apenas mais uma e sim UMA das.  Minha miopia continuava com menos um grau em cada lente, mas, segundo este médico, foi um erro de diagnóstico lá atrás. Anos atrás.

De acordo com sua teoria, eu estava usando um grau maior do que deveria. Mesmo assim, com um grau a mais em cada lente, sou incapaz de olhar para aquilo que está mais próximo: eu mesma. Aquilo. A quilo. A quilômetros de distância: eu mesma. 

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