Ninguém em casa e continuo sentada na cama. Paralisada. Apenas
meus olhos se movem. A TV elétrica em movimentos, o rádio toca algumas asneiras
sensacionalistas e a panela apita sua pressão. Ao fundo, num computador velho,
Pink Floyd. Abro a segunda cerveja e desce a quinta lágrima. Penso sobre meus
pés. Por onde andaram e por onde andarão? Uma sensação temporal. Apenas verbal,
porque o céu continua nublado. Penso que poderia ser qualquer um daquela tela
ou daquela sintonia. Mas não sou. Nada sou além de sal derramado em chão e
latas vazias em corredores. O cheiro da comida da vizinha me excita e estou de
dieta. Pior que a energia elétrica, apenas gasto. Prefiro o metal gelado dos anéis
de cerveja. Quer compromisso mais real? Sim, eu aceito me casar.
terça-feira, 28 de agosto de 2012
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
100 anos de Nelson Rodrigues
Minha homenagem a Nelson Rodrigues! Trecho do texto "A Noiva de Maio", de minha autoria, inspirado na obra "Sem Caráter", de "A Vida Como Ela É"
Cena 9 – O final
Entra Jandira pelo tapete vermelho até Rodolfo. Padre faz o sinal da cruz e dá início à cerimônia!
No tapete vermelho da igreja, Geraldo dá os primeiros passos de salto alto. Estava de véu, grinalda e com um vestido idêntico ao de Jandira.
Todos olham assustados e nada fazem.
Geraldo segue até Rodolfo, que levanta seu véu.
GERALDO: - Casa comigo?
Foi aí que Jandira percebera o porquê de Rodolfo nunca ter lhe tocado. Ela era a noiva traída.
Jandira senta e borra o rímel com choro. Rodolfo e Geraldo se beijam. Geraldo lança o buquê para a plateia.
Fecha cortina. (Camila Marins)
Nelson Rodrigues e os 100!
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Meu credo
21/08/2012
Não acredito em sorte, creio no destino.
Não acredito em insônia, creio em Sófocles
Não acredito no ser, creio no humano
Não acredito em Deus, creio nas nuvens
Não acredito em Zeus, creio em Lilith
Não acredito no antiácido, creio no humor
Não acredito em ressaca, creio no espetáculo
Não acredito em Édipo, creio em Jocasta
Não acredito em correntes, creio em Prometeu
Não acredito em famílias, creio no ventre livre
Não acredito em verdades, creio em asneiras
Não acredito em inverdades, creio em sorrisos
Não acredito em caminhos, creio em direções
Não acredito no maiúsculo, creio em formigas
Não acredito em copos vazios, creio em garrafas
Não acredito em credos, creio no substantivo
Não acredito em mim, creio na poesia!
Faça-se o Verbo!
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
terça-feira, 14 de agosto de 2012
L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância
Poema para o filme L'Apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância
Do trabalho à criminalização! Da exploração da mão de obra para a margem da sociedade! Choro com teu gozo e alimento a incoerência dos corpos. Fui e continuo sendo, apenas a rua. Sou calçada e sarjeta. Sou a boneca que acena e para carros. Fui e continuo sendo. E mal percebemos quão hipócritas somos em orgasmos mascarados. Retira a sua máscara! Nem todos sorriem para sempre! Nem mesmo as putas!
Do trabalho à criminalização! Da exploração da mão de obra para a margem da sociedade! Choro com teu gozo e alimento a incoerência dos corpos. Fui e continuo sendo, apenas a rua. Sou calçada e sarjeta. Sou a boneca que acena e para carros. Fui e continuo sendo. E mal percebemos quão hipócritas somos em orgasmos mascarados. Retira a sua máscara! Nem todos sorriem para sempre! Nem mesmo as putas!
sábado, 11 de agosto de 2012
Lilith, a obreira
dobra
a obra
ou a esquina
logo ali, à esquerda
vire e revire
passe
quebre
a mola
dobra dobra
a obra ...
(...)
de Lilith
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
minha diva
seu maior divã era a cama
quatro pés
e um travesseiro repartido ao meio
em dois
mais que um
eram dois
na divisão burlesca das toalhas
vã era sua mente
vá
em vão
o seu vão está escondido e
embaixo da cama
close your eyes!
terça-feira, 7 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Fui assistir ao filme Batman e confesso que vibrei. Chorei durante o momento de levante da população. Trouxe isso para a realidade. As lutas de nosso povo, as mazelas cotidianas, o abuso do poder, a falta de Estado, o caos e a barbárie. A exposição da selvageria da DIFERENÇA. Até que ponto devemos ir por justiça? E o primitivo está aí, cada vez mais presente. Somos animais ajoelhados em pecados não perdoados. Somos gemidos não ouvidos. Somos atos sem direção. Somos?
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
vão
devaneios no trem
deixam divãs incendiados em retratos de Dalí
trilhos cospem faíscas
e dragões lutam conta São Jorge
a fé perde sua luta em vão
vã
vá
lá e cá entre o existir
mas nada que substitua o verbo haver
nada havia
nada haverá
apenas o pó
muito menos a lembrança finda
memória maculada que te engole
e areja crinas de Medusas em campo
flores são Mandrágoras
grite e esperneie
este é o meu alimento!
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