segunda-feira, 10 de maio de 2010

Todo REPÚDIO à revista Veja. Viva a luta do movimento LGTTB!


10/05/2010

A revista Veja publicou nessa semana a seguinte matéria: "Ser jovem e gay. A vida sem dramas." A reportagem – por meio de depoimentos de jovens de classe média e classe média alta – aponta que os jovens gays têm assumido a homossexualidade sem qualquer razão para temer ou esconder. A revista ainda mostra que ser militante da causa é quase ultrapassado e que a luta é desnecessária. O que a matéria não registra ficou na marginalidade da informação: homofobia existe.

O estranho é que não há um negro ou uma negra na matéria. Ou então jovens pobres. E as travestis? Por que elas não conseguem emprego? Imaginem só uma mulher afirmar que é negra e lésbica. Demais para os leitores de Veja? De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil é o campeão mundial de crimes contra lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais (LGTTB’s): um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e os Estados Unidos com 25.

Não precisamos apenas de dados para constatar a homofobia. Quantas piadas, xingamentos e brincadeirinhas estão carregadas de preconceito? Basta ligar a televisão que podemos assistir um general das Forças Armadas (mesmo exemplo dado pela revista) afirmando sua posição contrária à presença de gays na instituição. Pior ainda, que País é este que respalda Marcelo Dourado como campeão do Big Brother Brasil e queridinho da população brasileira? Isso porque Dourado, além de comentários e atitudes machistas e homofóbicas, afirmou que heterossexuais não pegam Aids. Fato que fez com que a Globo utilizasse o mesmo espaço para esclarecimentos do Ministério da Saúde.

Se tudo está mais tranquilo, livre de preconceito e agressões, por que o Brasil não aprova a Lei 122/06 que criminaliza a homofobia? Esse preconceito velado é uma das piores tendências e a revista Veja, inegavelmente nojenta, tenta convencer a população que militar no movimento LGTTB é ultrapassado, ‘over’. Ninguém esconde orientação sexual embaixo de bandeiras. Ao contrário, militamos por uma sociedade justa e livre de preconceitos. Desqualificar a luta do movimento LGTTB é, no mínimo, ignorância. Foi por meio da luta do movimento que a homossexualidade deixou de ser considerada doença e perversão e, até hoje, é referência histórica na luta contra a homofobia.

Se não há preconceito, por que pessoas do mesmo sexo não andam sequer de mãos dadas em público? Por que travestis sofrem violência física e moral todos os dias? Por que as travestis não conseguem emprego ou o simples direito de mudar de nome? Por que as mulheres lésbicas sofrem com a falta de um atendimento específico nos hospitais e postos de saúde – elas mal são tocadas, principalmente as negras, além de sofrerem com péssima orientação médica? Por que homens gays são massacrados em instituições, seja exército ou universidade? Por que casais gays não podem se casar ou adotar filhos? Eu mesma, só conheci uma travesti com um emprego que não fosse profissional do sexo. Ela era operadora de telemarketing... Mais uma vez, escondida.

A luta contra a homofobia não deve parar e cada um de nós deve lutar por um mundo melhor livre de opressões. Todo REPÚDIO à revista Veja. Viva a luta do movimento LGTTB!

9 comentários:

Márcio Ramos disse...

Veja só: nos "quadros" da revista VEJA sempre existiram homossexuais e apreciadores de drogas ilicitas - como eu - e mesmo assim continuam com a criminalização. A Veja é o maior inimigo da emancipação popular, das comunidades excluidas, dos movimentos sociais - junto ao Estadão, Folha, Globo, Record, etc.- e de quem quer que procure melhorar esta situação caótica que se encontra grande parte da população.

Boa pergunta a sua: e os transexuais? Travestis? Por que ficam ali na esquina se prostituindo da forma mais humilhante possivel? Humilhante para todos nós. Por que gostam? Duvido.

Ja entrevistei uma trans que comprou casa para mãe e irmão com problemas mentais fazendo programa na Europa. Tudo o que ela queria era trabalhar e viver bem, mas o preconceito não deixou. E acreditem, segundo as trans, na Italia o preconceito é bem mais violento.

Até quando?

Blog da Wladia disse...

Otimo blogue, parabéns!

Adm Cheguei em Portugal disse...

Gostei de seu blog, tanto que coloquei um link para o meu http://ousarlutar.blogspot.com
parabéns
abs

Terezinha Vicente disse...

Camila, gostei muito de sua matéria e quero saber se posso publicá-la, creditando o blog, claro!, na Ciranda.net, site ligado ao FSM.
Você externa exatamente o que a Veja é, quando exala todos os seus preconceitos. A postura dessa revista é antes de tudo classista, ela quer tudo para alguns apenas, é defensora de que uns humanos são melhores que outros; uns merecem ter tudo, outros nada. Nojenta!

O Desbunde disse...

Claro que pode publicar Teresinha!!! abraços

Yuri K (A) disse...

parabéns pelo post, camarada! q orgullho

Fábio Escorpião disse...

Todos os meus parabéns a você, Camila!!!

Vi outro blog divulgando a sua mensagem (Forum Baiano LGBT) e fiz questão de vir aqui no seu blog deixar minha admiração.

Muito obrigado por lutar e divulgar a luta diária contra a homofobia.

Um grande abraço.

????? disse...

Só tenho que parabenizar você pelo texto. É bom saber que não me indignei sozinha diante da repotagem da VEJA. Seu texto tem sido sitado em vários espaços e isso é mais uma prova de que juntos podemos fazer ouvir melhor nossas vozes.

http://alma-feminina.blogspot.com/

Amanda disse...

Oi Camila, vou publicar seu texto lá no BoimateNews, ok? Qualquer coisa me avise. Parabéns pelo blogue. :D