terça-feira, 15 de abril de 2008

Cacto's


Cacto’S

Camila Marins

Um grão algures, contra
minha contradição
do seu vácuo resistente, este cacto
é um curvo caractere
onde alinhar a espinha

e minha pele jamais será como a tua;
seu ângulo depressa,
coutado
à sobrevivência e à displicência
desta sombra liquefeita, destas cutículas
que inibem o facto: o fragmento
era esse o hino, esse acervo
de notas
sons

desafinados aqui, na irrelevância
de qualquer semântica

Os cactos refletem no cascalho, no
sussurro do eco. Jamais esquecem
sua panacéia:

vão resistir
vão nascer quase sem meu consolo

O cacto é
esse grão amargo, degustado
no micro do poro, bem
escondido? É.

Esquecido pelos insetos
se centrifuga de si; e a sua
rotação é acto, negada ao plural.-


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