segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
sobre afeto - 17/2/2014
para caminhar, me basta afeto!
arranca sua marra
e vem pra minha farra.
Sou Baco, sou vinho
queima roupa
mostra peito
Sou livre, sou amor
para você, tenho braços e abraços
Sou Medusa, sou polvo
me basta afeto!
sinto o gosto de corpos
seu, meu, nosso
lambe a porra da posse
e se lambuza com hipocrisia
Vem, vem! Sou Baco
Arranca a roupa e seu gênero
domingo, 9 de fevereiro de 2014
A rapidinha da Lapa em histeria coletiva
- 9/2/2014
O apartamento fervia entre quatro espremidas paredes. Andava de um lado para o outro lutando contra sua teimosa ebriedade. Era uma quarta-feira e tinha uma agenda cheia pela frente: reunião antes do trabalho; trabalho; 11 textos pela frente; metade de um livro para terminar; pilates, duas reuniões mais e dezenas de diálogos pobres para enfrentar. Em mente: férias em algumas semanas. Enquanto isso, o apartamento a estrangulava; apertava tanto sua jugular que mal respirava. Principiava exercícios de meditação, embora sua concentração tenha se tornado mero exercício paradoxal. Contava os quadrados de seu piso, enquanto cores transversais pintavam suas paredes. O gato balançava o rabo e comia com garfo e faca um aipo com mostarda preta. Pensava na quantidade de porra de seu namorado e em quantas mulheres mais ele andava comendo. Não. Praticava orgias em propagandas de ônibus. Queria ser motorista. Tomou coragem e desceu para a rua em tentativas de respiração. Apenas cu. Inspirava e expirava. Procurava Fridas nas esquinas, e nem sinal de Rivera. Galeto no boteco da esquina e papeação com vizinho. Cerveja vai, coxinha desce. Asas de frango voam?
- Tudo na vida é obscenidade.
- Não. A família é o berço da perversidade.
- Ei, vocês dois ai, acreditam no toplessaço?
Desce a mulher que senta e entorna o copo. Pergunta para o companheiro:
- Por que eu não posso?
Não só pode, como deve. Em seus deveres de gênero, arrancou a blusa e ficou ali bebendo cerveja, falando sobre política e surrealismos baratos. Ainda incitaram a outra mulher a tirar.
- Tirar a blusa é ato político, e não para o seu pau ficar duro, punheteiro de merda.
O bar nega cerveja a essa mesa obscena, lasciva e perversa. Tão adjetivada como seu Verbo. Caminham pelas ruas da Lapa, entre Ubaldino e Mem de Sá. Sentam em outro boteco. Homens caralho arrancam gargalhadas e celulares para fotografar. Em cada uma das mesas, a pergunta traça a língua:
- Peito tem graça?
Senhoras de meia idade chegam perto da mesa e em toda a solidariedade arrancam a blusa em menos de três segundos.
- Rapidinho, minha filha.
Sorriem diante da rapidinha da Lapa.
O apartamento fervia entre quatro espremidas paredes. Andava de um lado para o outro lutando contra sua teimosa ebriedade. Era uma quarta-feira e tinha uma agenda cheia pela frente: reunião antes do trabalho; trabalho; 11 textos pela frente; metade de um livro para terminar; pilates, duas reuniões mais e dezenas de diálogos pobres para enfrentar. Em mente: férias em algumas semanas. Enquanto isso, o apartamento a estrangulava; apertava tanto sua jugular que mal respirava. Principiava exercícios de meditação, embora sua concentração tenha se tornado mero exercício paradoxal. Contava os quadrados de seu piso, enquanto cores transversais pintavam suas paredes. O gato balançava o rabo e comia com garfo e faca um aipo com mostarda preta. Pensava na quantidade de porra de seu namorado e em quantas mulheres mais ele andava comendo. Não. Praticava orgias em propagandas de ônibus. Queria ser motorista. Tomou coragem e desceu para a rua em tentativas de respiração. Apenas cu. Inspirava e expirava. Procurava Fridas nas esquinas, e nem sinal de Rivera. Galeto no boteco da esquina e papeação com vizinho. Cerveja vai, coxinha desce. Asas de frango voam?
- Tudo na vida é obscenidade.
- Não. A família é o berço da perversidade.
- Ei, vocês dois ai, acreditam no toplessaço?
Desce a mulher que senta e entorna o copo. Pergunta para o companheiro:
- Por que eu não posso?
Não só pode, como deve. Em seus deveres de gênero, arrancou a blusa e ficou ali bebendo cerveja, falando sobre política e surrealismos baratos. Ainda incitaram a outra mulher a tirar.
- Tirar a blusa é ato político, e não para o seu pau ficar duro, punheteiro de merda.
O bar nega cerveja a essa mesa obscena, lasciva e perversa. Tão adjetivada como seu Verbo. Caminham pelas ruas da Lapa, entre Ubaldino e Mem de Sá. Sentam em outro boteco. Homens caralho arrancam gargalhadas e celulares para fotografar. Em cada uma das mesas, a pergunta traça a língua:
- Peito tem graça?
Senhoras de meia idade chegam perto da mesa e em toda a solidariedade arrancam a blusa em menos de três segundos.
- Rapidinho, minha filha.
Sorriem diante da rapidinha da Lapa.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
dó em tempos de bemol
Há tempos penso num poema
Há tempos flerto com um poema
Há tempos, há ânus
que inspiro esses versos
para você, não
para nós
o nó do
verde abacate
nódoa
amarelo manga, porra
dó e toca para você
para nós
o bemol rebaixado
4/2/2014
Há tempos flerto com um poema
Há tempos, há ânus
que inspiro esses versos
para você, não
para nós
o nó do
verde abacate
nódoa
amarelo manga, porra
dó e toca para você
para nós
o bemol rebaixado
4/2/2014
Assinar:
Postagens (Atom)