terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Lapa é assim

A Lapa é assim. Algo inexplicável, talvez sensorial. Saias apregoam contra a gravidade. Moicanos contrastam com penteados crentes. Pernas doídas convalescem nas esquinas. Fomes são esquecidas. Ao lado do forró, dance até o chão com o batidão do funk, ou então siga pela Mem de Sá num bloco improvisado de carnaval. A Lapa é assim. Palmeiras de acolá com ervas de outras escadarias. Reggae além da medida no churrasquinho da esquina. A Lapa é assim. Gelada como o chopp do botequim. Solitária como a feira dos arcos. Sufocante como a fila dos shows. Destilada como a batida de quinta da barraca da tia Neide, que nem sei se existe. A Lapa é assim. Sincretismo fervoroso, São Jorge sobre nós e lama sob nós. Somos o bueiro mais diversificado e mais cobiçado deste Rio de Janeiro. A cada esquina uma nova roda, um novo ritmo, um novo cheiro de cigarro, uma nova cerveja e até uma nova cantada. A Lapa é assim. O buraco arqueado mais excitante de todas as contradições existentes. A Lapa é assim.


11 de dezembro
- Bumbum de passista de samba é feito de laquê;
- Cerveja é bom e todo mundo gosta;
- Gringo inventa uma dança que ninguém entende;
- A Lapa é clandestina...

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