quinta-feira, 13 de maio de 2010

Quase duas da manhã deste 13 de maio falacioso




Quase duas da manhã deste 13 de maio falacioso
13/05/2010

Perco-me de mim mesma
confesso diante deste altar
sedento de hipocrisia:
anos se passaram

e houvera a época que escrevia sobre ânus
brincava na cama entre Kafka e Sartre
Ah! Como Simone me espiava

de repente, não mais do que pânico
me afundo em redundâncias da existência
cálida queda cama
casa come quero

admito! Os verbos me causam orgasmos
daqueles múltiplos
não mais do que língua afiada

e o vento não existe, nada é
diante de minh’alma orquestrada
cacofonias de um dialeto mal dito
maldito!

e quanto ao hoje?
redoma que engole
enrolo-me em lençóis
nua de falácias ancestrais

sou um anjo mascarado
de sedutor: Lilith (dê) me acompanha em arquétipos
divido entre gêneros
o divã – testemunha de uma alma rodriguiana

meu canto vai além
atinge sustenidos famélicos
e meus poetas pedem mais
mais
mais – sussurram ao pé de minha orelha quente

brinda comigo
quem se atreve?
deixo minhas bodas de prata
e mendigo pelas próximas

nexo? coMneXo
e o plural retorna aos meus escritos
sempre na dúvida, temerosa
de alcançar
a plenitude fantasiosa

that’s me or not...

meus joelhos denunciam a forma do meu pecado
em flor




segunda-feira, 10 de maio de 2010

Todo REPÚDIO à revista Veja. Viva a luta do movimento LGTTB!


10/05/2010

A revista Veja publicou nessa semana a seguinte matéria: "Ser jovem e gay. A vida sem dramas." A reportagem – por meio de depoimentos de jovens de classe média e classe média alta – aponta que os jovens gays têm assumido a homossexualidade sem qualquer razão para temer ou esconder. A revista ainda mostra que ser militante da causa é quase ultrapassado e que a luta é desnecessária. O que a matéria não registra ficou na marginalidade da informação: homofobia existe.

O estranho é que não há um negro ou uma negra na matéria. Ou então jovens pobres. E as travestis? Por que elas não conseguem emprego? Imaginem só uma mulher afirmar que é negra e lésbica. Demais para os leitores de Veja? De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), o Brasil é o campeão mundial de crimes contra lésbicas, gays, travestis, transexuais e bissexuais (LGTTB’s): um assassinato a cada dois dias, aproximadamente 200 crimes por ano, seguido do México com 35 homicídios e os Estados Unidos com 25.

Não precisamos apenas de dados para constatar a homofobia. Quantas piadas, xingamentos e brincadeirinhas estão carregadas de preconceito? Basta ligar a televisão que podemos assistir um general das Forças Armadas (mesmo exemplo dado pela revista) afirmando sua posição contrária à presença de gays na instituição. Pior ainda, que País é este que respalda Marcelo Dourado como campeão do Big Brother Brasil e queridinho da população brasileira? Isso porque Dourado, além de comentários e atitudes machistas e homofóbicas, afirmou que heterossexuais não pegam Aids. Fato que fez com que a Globo utilizasse o mesmo espaço para esclarecimentos do Ministério da Saúde.

Se tudo está mais tranquilo, livre de preconceito e agressões, por que o Brasil não aprova a Lei 122/06 que criminaliza a homofobia? Esse preconceito velado é uma das piores tendências e a revista Veja, inegavelmente nojenta, tenta convencer a população que militar no movimento LGTTB é ultrapassado, ‘over’. Ninguém esconde orientação sexual embaixo de bandeiras. Ao contrário, militamos por uma sociedade justa e livre de preconceitos. Desqualificar a luta do movimento LGTTB é, no mínimo, ignorância. Foi por meio da luta do movimento que a homossexualidade deixou de ser considerada doença e perversão e, até hoje, é referência histórica na luta contra a homofobia.

Se não há preconceito, por que pessoas do mesmo sexo não andam sequer de mãos dadas em público? Por que travestis sofrem violência física e moral todos os dias? Por que as travestis não conseguem emprego ou o simples direito de mudar de nome? Por que as mulheres lésbicas sofrem com a falta de um atendimento específico nos hospitais e postos de saúde – elas mal são tocadas, principalmente as negras, além de sofrerem com péssima orientação médica? Por que homens gays são massacrados em instituições, seja exército ou universidade? Por que casais gays não podem se casar ou adotar filhos? Eu mesma, só conheci uma travesti com um emprego que não fosse profissional do sexo. Ela era operadora de telemarketing... Mais uma vez, escondida.

A luta contra a homofobia não deve parar e cada um de nós deve lutar por um mundo melhor livre de opressões. Todo REPÚDIO à revista Veja. Viva a luta do movimento LGTTB!

domingo, 9 de maio de 2010

flores a beijar



flores a beijar
09/05/2010


Acordara embebida em mel
no meio
no meio, um beija-flor
bate bate bate

bate asas e voa

a flor do teu segredo
deflorada
doce
suculenta, prestes a
a
voar

voa beija-flor
estende tua língua
e amortece o corpo em movimento

invade a cova
aquela que te envolve
quente
consente e padece

toma minha mão e dança
além de desafinados passos
Este é o meu mel

tomai e bebei