Foto feita durante a manifestação realizada no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, no dia 1º de abril de 2009.
Coisas da imprensa
30/04/2009
“Vai virar um verdadeiro zoológico humano. São animais humanos, infelizmente”- Esta foi a declaração do governador de Roraima, José de Anchieta Júnior (PSDB) sobre a demarcação das terras da reserva Raposa Serra do Sol, garantida aos indígenas. Como pode um representante do povo (ou melhor, representante do capital) emitir uma declaração tão preconceituosa como essa?? Todo o repúdio ao governador de Roraima!!!
A Lei de Imprensa foi totalmente revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de acordo com projeto do deputado Miro Teixeira (PDT). Criada na época da ditadura, a Lei tinha caráter extremamente autoritário e abusivo. Impressionante como tal documento permaneceu em vigor por mais de 40 anos no Brasil. A revogação total da Lei de Imprensa é problemática, porque acabou a regulamentação no que tange o direito de resposta. Precisamos de uma Lei de Imprensa atual, renovada e realmente democrática e não a revogação total dela, porque é fundamental garantirmos meios de regulamentação da profissão. Agora esperemos a próxima votação: permanência ou não do diploma para jornalista. Diploma já!
quinta-feira, 30 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Libertação
28/04/2009
e a libertação é possível hoje?
creio que
apenas se for coletiva...
caso contrário, espelho de egoísmo
libertação individual
e o outro?
afunda!
e a libertação é possível hoje?
creio que
apenas se for coletiva...
caso contrário, espelho de egoísmo
libertação individual
e o outro?
afunda!
domingo, 26 de abril de 2009
MAIS TEMPO
Mais tempo
26/04/2009
- “Pode ficar tranquila, os exames descartaram a suspeita de tumor”. E o alívio tomou conta da minha saída do consultório. Depois de, praticamente, dois meses vivendo angústias sem fim e sem imaginação, idas e vindas em consultórios tanto do sistema público, quanto do sistema privado, finalmente, o pior se esvai. Nunca imaginei que, aos 24 anos, poderia ouvir notícia tão dolorosa como a de uma suspeita de tumor no estômago.
Tudo começou com uma dor de garganta adquirida fora do País e que não melhorava, mesmo com antibióticos, mel, própolis e afins, nada passava. Depois vieram os inúmeros diagnósticos: faringite, esofagite de refluxo, úlcera e, enfim, o possível tumor. Desesperei-me, é claro. Afinal, até a chegada do resultado dos exames ainda ficaria angustiada com tal possibilidade. Fiquei imaginando que poderia morrer a qualquer momento, que o fio que segurava minha vida era mais suave que o sopro de uma brisa.
“- Não! Não poderia morrer aos 24 anos”, eu pensava. Muito jovem, muito desengonçada, muito sorridente, muito inexperiente, muito imatura, muito infeliz... Tantas coisas por fazer. Tanto ainda por Ser. Tanta poesia perdida em minh’alma. Tanto por amar. Tanto por ser amada. Tanto por brindar. Tanto por gargalhar.
Enquanto me enrolava nestes pensamentos carregados de culpa cristã e arrependimentos (confesso!), isolei-me do mundo. Não contei a nenhum dos meus amigos, apenas família sabia e, assim, recolhi-me em casa. Fiquei só, sem celular, telefonemas, internet. Preferi a solidão e deixar toda a lamentação redundante para o diagnóstico. Muitos não compreenderam, mas esta reflexão foi um momento muito individual.
E chegou o dia da endoscopia e da biópsia. E, antes do Dormonid (remédio para dormir) fazer efeito, lembro-me das duas últimas perguntas do médico:
- “Casada ou solteira”?
- “Solteira”.
-“ Idade”?
- “24 anos”.
E, com o som da minha idade, adormeci para a realização do exame. Entrei em um mundo de imaginação com aquela droga. Ouvia as pessoas na sala de repouso, mas não assimilava suas palavras. Entrei em um táxi completamente perdida nessas Campinas. Não reconhecia as ruas, os bairros e muito menos minha casa. Afinal, quem eu era? E o Dormonid, ao longo do dia, me mostrava que eu nada sabia ou conhecia. Pouco mais de duas décadas não foram suficientes para desbravar essa louca vida. E, certamente, eu precisava de mais tempo...
quinta-feira, 23 de abril de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
CALCULADORA
21/04/2009
Nem jorges ou chicos
Entre as pernas o cu arreganha os dentes sedentos pela próxima refeição
O amanhã revela o estupro prometido e desejado pelas mães de praças antigas
Pêlos e pregas assustam a ingenuidade corrompida de criancinhas
E o cu lambe beiços voluptuosos
Nem jorges ou chicos
Escorre o gozo e atravessa línguas de Babel entre coxas
Dor e amor: soma incalculável do mais temeroso orgasmo
Nem jorges ou chicos
Entre as pernas o cu arreganha os dentes sedentos pela próxima refeição
O amanhã revela o estupro prometido e desejado pelas mães de praças antigas
Pêlos e pregas assustam a ingenuidade corrompida de criancinhas
E o cu lambe beiços voluptuosos
Nem jorges ou chicos
Escorre o gozo e atravessa línguas de Babel entre coxas
Dor e amor: soma incalculável do mais temeroso orgasmo
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O arco
Indico o filme sul-coreano "O arco". Um homem de, aproximadamente, 60 anos cria uma menina desde que é recém-nascida para ser sua esposa quando completasse 17 anos. Detalhe: ambos completamente isolados em um barco no meio do oceano. Belíssimo e sonoro.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Anaïs Nin
Recomendo o livro "Henry e June", de Anaïs Nin. Não posso dizer que foi o melhor livro que já li, pois não acredito nisso. Cada livro revela uma particularidade, uma subjetividade. E Anaïs Nin revelou em páginas um pouco de minh'alma.
sábado, 11 de abril de 2009
This is the end
09/04/2009
Por que ninguém escuta meu sussurro através do muro?
Este foi meu único apelo em vida.
E cá estamos nós. Entre o vazio e o inconsequente. Ambos quebrados na mínima expansão de um espelho côncavo. Girassóis fenecem em varandas e corvos saúdam Van Gogh em ascensão. A calçada torna-se um imenso quebra-cabeça para mentes obsessivas. Faltam peças no caminhar e tudo isso assusta. Toda essa mutilação diária do ir e vir. E ainda nos escondem aquilo que aflige. Aquilo que tortura. O estalar de chicotes, o som de flautas agudas. Ah! E pesadelos são abençoados por Nossa Senhora.
A morte persegue corações desesperados. Único acalanto para almas em perdição.
Vem e enrola meu corpo nu em seu manto frio e fúnebre. Vem e para o correr do sangue quente em minhas veias. Acaricia meus seios e estagna meu coração pulsante. E, finalmente, beija meus lábios ardentes e leva contigo meu último suspiro. Serei tua, na divisão dos vermes em decomposição.
This is the end!
Por que ninguém escuta meu sussurro através do muro?
Este foi meu único apelo em vida.
E cá estamos nós. Entre o vazio e o inconsequente. Ambos quebrados na mínima expansão de um espelho côncavo. Girassóis fenecem em varandas e corvos saúdam Van Gogh em ascensão. A calçada torna-se um imenso quebra-cabeça para mentes obsessivas. Faltam peças no caminhar e tudo isso assusta. Toda essa mutilação diária do ir e vir. E ainda nos escondem aquilo que aflige. Aquilo que tortura. O estalar de chicotes, o som de flautas agudas. Ah! E pesadelos são abençoados por Nossa Senhora.
A morte persegue corações desesperados. Único acalanto para almas em perdição.
Vem e enrola meu corpo nu em seu manto frio e fúnebre. Vem e para o correr do sangue quente em minhas veias. Acaricia meus seios e estagna meu coração pulsante. E, finalmente, beija meus lábios ardentes e leva contigo meu último suspiro. Serei tua, na divisão dos vermes em decomposição.
This is the end!
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Cínico cotidiano
Números e mais números
08/04/2009
Números e mais números de uma hipocrisia revelada. As contas amontoavam-se em um criado mudo cúmplice de sua matemática insana. O barulho ensurdecedor da calculadora lhe incitava a neurose. E apenas números... Desgraça incalculável de uma mais-valia garantida. Sufocado, precisava respirar e, fora de casa, alcançou qualquer meio-fio perdido pelo cotidiano. Sua única certeza era o Apocalipse representado em números: folhas bastardas de um livro mal dito e pronunciado por línguas pagãs nas esquinas. Qual a diferença entre as esmolas e os sermões? As cercas e os versículos? A fome e os anjos? Não! Não sabia e nem uma revelação lhe era prometida em orações. Sangrou os joelhos pela faixa de pedestre e gritou aos Céus:
- “Em nome do Pai”.
E o seu pai não era Deus. Era seu País. Matou-se em meio ao cinismo daquelas folhas rasgadas de Bíblia.
08/04/2009
Números e mais números de uma hipocrisia revelada. As contas amontoavam-se em um criado mudo cúmplice de sua matemática insana. O barulho ensurdecedor da calculadora lhe incitava a neurose. E apenas números... Desgraça incalculável de uma mais-valia garantida. Sufocado, precisava respirar e, fora de casa, alcançou qualquer meio-fio perdido pelo cotidiano. Sua única certeza era o Apocalipse representado em números: folhas bastardas de um livro mal dito e pronunciado por línguas pagãs nas esquinas. Qual a diferença entre as esmolas e os sermões? As cercas e os versículos? A fome e os anjos? Não! Não sabia e nem uma revelação lhe era prometida em orações. Sangrou os joelhos pela faixa de pedestre e gritou aos Céus:
- “Em nome do Pai”.
E o seu pai não era Deus. Era seu País. Matou-se em meio ao cinismo daquelas folhas rasgadas de Bíblia.
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