Amor
Camila Marins – 23/09/2007
Camila Marins – 23/09/2007
Um nó na garganta
nós nos intestinos
grossos e delgados
vísceras amarradas
o Amor
apenas nós
do estômago até o cu
entranhas estranhas
no labirinto da Essência
travando conflitos com as extremidades
o Amor
apenas nós
embaraçadas em teu ventre
amarradas vísceras
escorre o teu sangue
gota a gota
o Amor
apenas nós
carne, sangue e resto
do duodeno ao reto
intestino
engole e excreta
o Amor
apenas nós
pão e merda
sambam em teu estômago
vertigem e tontura
anunciam a miséria de tua alma
o Amor
apenas nós
brinda e se embriaga com tua bile
fel que tenta teu apetite
a fome de teu estômago diz:
- “Engole teu vômito”
o Amor
apenas nós
se lambuza com teu vômito
lança de si aquilo que não lhe pertence
jorra todo teu líquido pela boca
desfazendo nós de teu intestino
o Amor
apenas nós
alguns nós ficam mais embaixo
sente o cheiro
o cheiro da merda
aquilo que sobrou
o Amor
apenas nós
restos, sobras, vômito, vísceras e merda
o fim
reflexo de quem somos nós